Hoje, o Greepeace lançou o artigo de 52 páginas intitulado “Lições de Fukushima”. Nele, a catástrofe nucelar japonesa é analisada em detalhes, e suas causas e consequências são expostas. O artigo foca problemas cruciais: a falta de responsabilidade pelos desastrosos incidentes, a falta de uma noção adequada dos riscos potenciais no uso de energia nuclear, e a falha de um plano adequado de emergência.
Segundo o blogueiro científico Tommaso Dorigo, o documento é muito instrutivo. Ele acredita que é muito interessante a descrição dos encobrimentos da TEPC, a empresa que comandava a planta nuclear Fukushima-Daiichi. Esses, que tinham como objetivo tirar do público a preocupação com a segurança dos planos nucleares, foram descobertos, é claro, tarde demais. Os japoneses já aprenderam a lição da forma mais dura, em março do ano passado.
Dorigo diz que, de interesse especial, é o fato de que o perigo de tsunamis já havia sido previsto, anunciado até. Um trecho do documento, por exemplo, diz o seguinte:
Em seu relatório anual, que é mostrado ao público desde 2001, a Organização Japonesa de Segurança Energética (OJSE) previu os possíveis danos que uma tsunami poderia causar ao reatores Mark 1 no complexo nuclear de Fukushima. Um dos relatórios dizia que se um quebra-mar com 13 metros acima do nível do mar fosse atingido por uma tsunami de 15 metros, todas as fontes de energia seriam destruídas – incluindo a eletricidade externa e os geradores de emergência. Nessa situação, as funções de resfriamento acabariam e o núcleo do reator sofreria um dano de 100%. O quebra-mar de Fukushima tinha 5,5 metros de altura.
E ainda mais irônico, é o seguinte parágrafo, também notado por Dorigo:
Em uma das situações do destino, a TEPC informou a Agência de Segurança Industrial e Nuclear do Japão de que a planta Fukushima-Daiichi poderia ser atingida por uma tsunami maior do que 10 metros, enquanto o complexo conseguiria aguentar uma de no máximo 5,7 metros, apenas alguns dias antes do terremoto e da tsunami atingirem a estação. Após o incidente, foi revelado que o aviso veio de um estudo interno da empresa, de 2008, mas os oficiais o classificaram como “irreal”.
A conclusão do blogueiro deixa a dúvida: ainda podemos falar de segurança nuclear, e não de risco nuclear? [Science2.0, Foto]