Preocupado com o futuro da indústria de jogos, o empresário Ian Livingstone quer que as crianças aprendam linguagem de computador desde pequenas.
As empresas de jogos inglesas lucram até 5,21 bilhões de reais no mundo todo, mas os videogames estão cada vez mais difíceis de se programar. Os produtores agora se perguntam onde descobrir novos talentos.
“As crianças aprendem, durante do ensino básico até a universidade, a usar o Word, Power Point e Excel. Aprendem a utilizar softwares e aplicativos, mas não sabem como criá-los”, diz Livingstone. “É a diferença entre ler e escrever. Nós as estamos ensinando a ler, mas não a escrever. Estamos criando uma geração de ‘analfabetos digitais’”.
Com toda essa preocupação, Livingstone está fazendo uma campanha para a ciência da computação ser uma matéria no currículo escolar do Reino Unido. Até a Associação para o Entretenimento Interativo do Reino Unido (Ukie, na sigla em inglês) apoia a causa e acha que a falta dessa disciplina nas escolas está causando grande impacto nas indústrias digitais.
“A falta de habilidade é uma ameaça não só para o futuro da indústria de videogames, mas também para todas as indústrias que tem a tecnologia computacional como núcleo”, disse Daniel Wood, da Ukie. “Algumas companhias (no Reino Unido) estão recusando trabalho porque não têm pessoal suficiente com boa formação. E o quadro está piorando”.
Contudo, o que não falta são cursos universitários: 84 instituições oferecem 228 cursos sobre o tema. Mas poucos deles oferecem o que a indústria precisa; muitos cursos deixam por desejar. A preocupação atual é de que as universidades estão mais preocupadas em atrair alunos do que com a qualidade do curso. E se isso ocorre no Reino Unido, imagina em outros países.
Uma solução seria colocar computadores mais simples na sala de aula. Quando os computadores são básicos, as crianças os entendem melhor e começam mais cedo a mexer com eles. “Há uns 20 anos um computador simples que era novidade em sala de aula podia ser levado para a casa, e as crianças criavam o interesse em programar”, disse Livingstone.
A Fundação Raspberry Pi quer trazer isso de volta. Eles estão criando um pequeno aparelho chamado Raspberry Pi que é um computador “espremido” em um pequeno circuito, do tamanho de um disco USB. Ele custa cerca de 39 reais e pode ser espetado na TV com a intenção de fazer um computador barato e simples, para que qualquer um seja capaz de programar.
O cenário que os especialistas pintam não deve ser assim tão desesperador; faltando ou não mão-de-obra nesse mercado, aposto que a ideia dos computadores na escola iria agradar a maioria da molecada.[BBC]