O telescópio espacial Hubble já nos mostrou muitas coisas estranhas que desafiam qualquer definição fácil. Recentemente, surgiu mais uma para a lista: um asteroide binário que também é um cometa.
Os astrônomos encontraram um par deles girando entre si no cinturão de asteroides, deixando um atrás um rastro de poeira. Este não só é um bom exemplo de como a natureza não está nem aí para as categorizações humanas, como também levanta algumas perguntas interessantes sobre quantos desses híbridos podem existir lá fora.
Programa Spacewatch
O objeto binário foi visto pela primeira vez em 2006, como parte do programa Spacewatch de busca de asteroides. Como resultado, ganhou o nome não muito elegante de 2006 VW139.
Foi só em 2012 que os astrônomos perceberam algo estranho a respeito dele. Tratava-se de um asteroide com características parecidas com as de um cometa, inclusive uma cauda de transmissão.
Esse tipo de cometa não é novo, mas também não é comum. O asteroide é apenas um entre cerca de uma dúzia de objetos já descobertos.
O que torna esse exemplar tão único é ser dividido em duas partes.
O 2006 VW139 é composto de um par de caroços de igual tamanho, orbitando um ao redor do outro a uma distância de pouco menos de 100 quilômetros.
Por que dividir-se à metade é um mistério intrigante, que levou os astrônomos a buscar um olhar mais atento.
Como os gêmeos estiveram em sua aproximação mais próxima do Sol em setembro do ano passado, a NASA usou o Telescópio Espacial Hubble para capturar imagens mais claras do seu núcleo e cauda, confirmando que se localizava numa região onde cometas geralmente não estão presentes.
“Detectamos fortes indícios de sublimação do gelo da água devido ao aumento do aquecimento solar – semelhante à forma como a cauda de um cometa se desenvolve”, diz a líder da equipe, Jessica Agarwal, do Instituto Max Planck para Pesquisa do Sistema Solar, na Alemanha.
Asteroide milenar
Os pesquisadores acreditam que o 2006 VW139 tenha se se desviado há cerca de 5000 anos sob o estresse da rotação. O fluxo de vapor emanado das duas partes ajudou-o a se afastar cada vez mais.
Para conferir uma animação sobre o lapso de tempo do asteroide, confira o vídeo abaixo.
A grande questão que permanece sem resposta, no entanto, é como sistemas comuns podem estar dentro do nosso Sistema Solar.
“Precisamos de mais trabalho teórico e observacional, bem como de mais objetos semelhantes a este, para encontrar uma resposta a esta questão”, diz Agarwal.
Espera-se que mais desses asteroides congelados e incomuns sejam vistos à medida que a tecnologia se aperfeiçoa, revelando mais beleza e detalhes em meio à extensão de rocha que é esse cinturão.
A pesquisa deve ser publicada na revista Nature. [ScienceAlert]