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Astrônomos se preparam para um evento único: uma “nova estrela” no céu noturno

Uma animação de uma nova, semelhante ao que acontecerá com T Coronae Borealis. (Crédito da imagem: NASA/Laboratório de Imagens Conceituais/Centro de Voo Espacial Goddard)

Prepare-se, porque a qualquer momento o céu noturno pode nos brindar com uma visão extraordinária: uma estrela antiga que renasce em uma explosão deslumbrante. Este fenômeno raro, conhecido como “nova”, está prestes a ocorrer a três mil anos-luz de distância, na constelação de Corona Borealis. E, quando acontecer, seu brilho será tão intenso que poderá ofuscar Polaris, a famosa Estrela do Norte.

Para quem gosta de observar o céu ou simplesmente admirar eventos cósmicos, esta é uma oportunidade única. O motivo? Esta estrela morta, chamada T Coronae Borealis (T Cor Bor), entrou em erupção pela última vez há cerca de 80 anos e só deve explodir novamente dali a 80 anos. Em termos de tempo humano, é praticamente um show único a cada três gerações.

Fases do Jantar Estelar que Precede a Explosão

Mas como se dá esse fenômeno tão fascinante? O remanescente da estrela, uma anã branca, está atualmente “se alimentando” de uma estrela gigante vermelha que orbita perto dela. Imagine um jantar cósmico no qual a anã branca lentamente suga material da gigante vermelha, acumulando massa até atingir o ponto de explosão. Quando essa estrela finalmente estiver “satisfeita”, ocorrerá uma explosão que iluminará o céu de forma dramática.

Os astrônomos já detectaram sinais dessa erupção iminente. Recentemente, T Cor Bor teve uma queda significativa em seu brilho, semelhante ao que aconteceu antes de sua explosão de 1946. Para os especialistas, esse é um indicativo claro de que a estrela está se preparando para mais uma espetacular explosão de energia.

1. Acumulação de Material

A anã branca, que é o núcleo remanescente de uma estrela que esgotou seu combustível nuclear, está orbitando uma estrela gigante vermelha. Durante essa interação, a anã branca atrai hidrogênio da estrela companheira. Esse hidrogênio se acumula na superfície da anã branca.

2. Aumento da Pressão e Temperatura

Conforme o material se acumula, a pressão e a temperatura na superfície da anã branca aumentam. Esse processo pode levar décadas ou até séculos. Quando a temperatura atinge cerca de 10 milhões de graus Celsius, o hidrogênio acumulado começa a se fundir em hélio.

3. Reação de Fusão Nuclear

Quando a fusão nuclear do hidrogênio começa, ocorre uma liberação repentina e massiva de energia. Essa explosão é tão intensa que a pressão resultante expande rapidamente a camada externa da estrela.

4. Explosão da Nova

Essa explosão é o que chamamos de “nova”. A camada externa da estrela é expelida para o espaço, criando uma brilhante erupção que pode ser vista da Terra. Após essa explosão, a anã branca pode voltar a se acumular material novamente, reiniciando o ciclo. O processo pode levar outro período similar, geralmente de 80 a 100 anos, antes que uma nova explosão ocorra.

Em resumo, a estrela explode novamente após acumular material por 80 anos porque a pressão e a temperatura resultantes da fusão nuclear do hidrogênio acumulado atingem um ponto crítico, levando a uma liberação repentina de energia que resulta na explosão da nova. Este ciclo pode se repetir várias vezes, resultando em múltiplas explosões ao longo do tempo.

Uma Oportunidade Dourada para a Ciência

Além de ser uma visão de tirar o fôlego para observadores amadores, esse evento também representa um grande momento para a ciência. Diferentes telescópios, tanto na Terra quanto no espaço, foram redirecionados para monitorar cada detalhe dessa nova explosão. Entre eles estão o telescópio Fermi, especializado em raios gama, e o famoso James Webb, que estudará o fenômeno em múltiplos comprimentos de onda. Isso permitirá aos cientistas estudar as complexas dinâmicas das novas, que ainda são pouco compreendidas.

O que torna T Coronae Borealis especial é que ela pertence a um seleto grupo de novas recorrentes. Existem apenas dez delas registradas na nossa galáxia, a Via Láctea. As explosões dessas estrelas são cíclicas, mas ocorrem em intervalos tão longos que é raro termos a chance de observá-las com tecnologia moderna, como telescópios de raios gama ou raios-X.

Novas Revelações: Como Estrelas Mortas Se Comportam?

Um dos grandes mistérios que os astrônomos querem desvendar é como a matéria ao redor da anã branca se comporta durante e após a explosão. Logo após a erupção, as temperaturas aumentarão drasticamente, e a velocidade com que o material será ejetado da estrela oferecerá pistas importantes sobre a física dessas novas. Outro ponto de interesse são as ondas de choque geradas pela explosão, que se propagam pelo espaço e podem oferecer novos dados sobre como essas estrelas morrem e voltam à vida.

Como qualquer bom cientista, os astrônomos estão empolgados em usar essa oportunidade para testar suas teorias e ajustar seus modelos estelares. Os dados coletados desse evento ajudarão a melhorar nossa compreensão sobre o ciclo de vida das estrelas, algo que ainda gera muitas dúvidas.

Observação a Olho Nu e Com Telescópios

Para os observadores aqui da Terra, a boa notícia é que a explosão será visível a olho nu, embora por apenas alguns dias. No entanto, os telescópios de raios gama e raios-X continuarão monitorando o evento por vários meses, e os telescópios de rádio, por anos. Isso permitirá um estudo contínuo da interação entre a explosão e o ambiente ao redor, incluindo a estrela gigante vermelha que alimentou a anã branca.

Mas, se você estava preocupado com uma explosão tão violenta no espaço, não se preocupe! A distância de 3.000 anos-luz nos garante que o show será inofensivo, permitindo que simplesmente relaxemos e apreciemos esse espetáculo cósmico de camarote.

Referências:

Sobre Novas e Anãs Brancas

  1. Acumulação de Material e Fusão Nuclear:
  2. Efeito da Explosão e Brilho de Novas:
  3. Estudo de Raios Gama e Observações:

Eventos Astronômicos e Impacto na Observação

  1. Impacto de Novas e Explosões:
  2. Monitoramento de Explosões Estelares:
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