Até quanto nossa expectativa de vida pode aumentar?

Por , em 9.07.2013

Há poucos séculos, a ideia de viver por mais de 70 anos soava quase fantasiosa. Hoje, em países desenvolvidos, em média 80% da população têm uma expectativa de vida que atinge essa marca. Contudo, fica a pergunta: até que ponto o ser humano será capaz de estender sua vida?

Prazo de validade cromossômico

Enquanto alguns animais vivem por apenas alguns dias (como certas espécies de moscas), outros batem recordes de longevidade, como tartarugas gigantes e baleias-da-groenlândia, que podem chegar a 200 anos. Entre plantas, o tempo de vida é ainda mais impressionante: 3 mil anos para sequoias gigantes, 5 mil anos para alguns tipos de pinheiro. Por fim, temos até uma espécie de hidra supostamente imortal.

Essa variedade inspira estudos em busca de um “prazo de validade natural”, um limite em que o organismo já não é capaz de se manter. Em 1961, o gerontologista Leonard Hayflick publicou os resultados de uma pesquisa feita nessa linha, no qual ele e sua equipe concluíram que as células da pele humana são capazes de se dividir cerca de 50 vezes até se tornarem senescentes (incapazes de se dividir). Esse “número máximo” de divisões celulares é conhecido como limite de Hayflick e varia de acordo com o tipo de organismo e o tipo de célula.

Anos mais tarde, a bióloga Elizabeth Blackburn e seus colegas descobriram que o limite de Hayflick está relacionado com os telômeros (segmentos de DNA localizados nas “pontas” de cromossomos): a cada divisão celular, eles diminuem um pouco. Quanto mais curto for o telômero de uma célula, maiores as chances de ela se tornar senescente.

Limites incertos

Apesar do inegável peso do limite de Hayflick, ainda não se sabe até que ponto ele é responsável pela expectativa de vida de um organismo. Em testes de laboratório, amostras celulares de idosos se dividem tanto quanto amostras celulares de pessoas jovens.

O encurtamento dos telômeros, até onde se sabe, afeta apenas determinados tipos de células e não ocorre em todo o ciclo de vida delas. Além disso, ratos de laboratório, embora tenham telômeros mais longos que os de seres humanos, vivem por 40 vezes menos tempo.

No corpo humano, as células normalmente são regeneradas ou substituídas (por células-tronco) antes de se tornarem senescentes, e o envelhecimento é causado por um desgaste mais geral – e não apenas por conta do limite de Hayflick.

Até o momento, pesquisas sobre longevidade normalmente focam no combate a doenças e em dietas e hábitos que diminuam o desgaste do organismo. Diante de tanta complexidade, é difícil saber o que a ciência nos reserva em relação a expectativa de vida.[The Conversation]

11 comentários

  • Antonio Costa:

    Usamos a expressão para sempre com exagero, porém significando um tempo muito longo, no qual além de se aumentar a expectativa de vida isso sera acompanhado por uma saúde duradoura, o que só acontecerá quando a ciencia comprender em toda a sua complexidade o funcionamento do organismo. Isso está muito longe de acontecer. Quanto a dizer se o universo é eterno ou não, estamos longe de ter uma resposta, e seria um bom tema para debate aqui no HypeScience. Pessoalmente acredito que o universo é eterno. A hipótese do Big Bang passou atualmente a ser reformulada, ao se compreender que no início de tudo, no que se chama de singularidade, a física naquela fração de tempo, funcionaria de forma diferente da atual. Uma hipótese seria que o universo funcionaria como um pulsar. Um periodo ele se contrai (o BigCrunch), até um ponto que ele chega a essa singularidade e passa a se expandir, e o ciclo continuaria indefinidamente. Bom tema para debate e para opiniões de pessoas mais qualificadas no assunto, que naturalmente não é o nosso caso.

  • Antonio Costa:

    Enquanto a biologia se aprofunda nas causas primárias do processo de envelhecimento, outras áreas trabalham cosorciadas à medicina na produção ou mesmo reprodução de órgãos e tecidos. No primeiro caso as descobertas poderiam produzir seres quase eternos, que só morreriam em caso de acidentes. Na outra vertente, a da substituição de orgãos e tecidos levariam os seres humanos até o limite em que a sua capacidade financeira lhe permita adquirir nas “Fábricas de Órgãos” o que voce necessitasse para uma “manutencão” corretiva, ou mesmo uma “manutenção preventiva”. Esta última area já está mais avançada.

  • Evandro Oliveira:

    A expectativa de vida em grandes partes é contraditório… Se há registros históricos de civilizações e pessoas que na antiguidade viviam muito mais em média do que há séculos e décadas atrás, e, inclusive hoje.

    Por outro lado, outro grande item não abordado é que nossas células são programadas para morrer. Temos um ‘timer’ interno… que quando chegarmos lá… nossas células irão começar a morrer sozinhas.

  • pmahrs:

    A expectativa de vida nas cavernas era muito baixa e tínhamos que reproduzir muito cedo para não extinguirmos, com isto não se teve uma seleção natural para longevidade ou resistência a doenças peculiares de maiores idades ou à degeneração natural, como para os males causado pelo excesso de gordura, pois se morria antes disto por ferimentos, infecções, contaminação, perda de dentes e acidentes. Fomos selecionados para comer a valer enquanto tinha antes de estragar e assim acumular energia em forma de gordura e sobreviver por pequenos períodos escassos até ao menos a idade de reprodução; funcionou bem para expectativa de vida de 20 anos e se corria atrás da comida, mas a natureza não tinha como saber que hoje, tudo, desde comunicação até comida viria dentro da moradia ou ao menos até ao portão sem tirarmos a bunda do sofá. Talvez a tecnologia mude isto e percamos o hábito de acumular gordura em excesso já que podemos acumular energia fora do corpo e “caçar” com sucesso por telefone a hora que quisermos. O único problema é que se depois que se depois que perdermos a habilidade de acumular gordura precisemos desta estratégia novamente num futuro.

  • Joice Marina Guevara:

    Ótimo esse assunto !

  • grasisuperstar:

    lógico…a expectativa é a vida eterna

  • Jeronimo E. Rosa:

    Ou melhor: aja e verá!

    • Danilo:

      Até onde a expectativa de vida pode chegar eu não sei, mas se chegássemos aos 130 ou mais provavelmente grande parte das pessoas desenvolveriam algum tipo de câncer por causa do acúmulo de mutações deletérias!!!

    • D:

      ahahaha

  • Jeronimo E. Rosa:

    Viveremos para sempre. Espere e verá.

    • EDSON_HYPE:

      “Para sempre” é um conceito um tanto quanto genérico e, meu caro, nem mesmo o Universo durará para sempre…

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