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Atenção, seu CÍNICO, você tem enormes chances de desenvolver todas essas doenças, dizem especialistas

Esperar sempre o pior das pessoas pode realmente fazer mal à nossa saúde, segundo especialistas.

Todos nós temos aqueles dias em que a vida parece nos convidar a ser sarcásticos ou a pensar o pior.

Contudo, Jamil Zaki, autor de “Esperança para Cínicos: A Ciência Surpreendente da Bondade Humana”, sugere que precisamos resistir ao que ele chama de “armadilha do cinismo”. Essa visão negativa de que as pessoas são essencialmente egoístas, gananciosas e desonestas pode nos fazer sentir mais espertos e seguros. No entanto, Zaki destaca que essa postura tem um preço elevado: prejudica nossa saúde, aumentando o risco de depressão, doenças cardíacas e burnout.

Além disso, ele aponta que muitas das crenças derivadas desse pessimismo não são verdadeiras. Pesquisas mostram que um ponto de vista mais equilibrado é não só mais saudável, mas mais fiel à realidade. O mundo não é um paraíso, é claro, mas está longe de ser um inferno. Zaki encoraja as pessoas a se tornarem “céticos esperançosos”, aqueles que questionam os problemas da sociedade de forma crítica, mas reconhecem que a bondade e a generosidade ainda existem ao nosso redor.

Cinismo, segundo ele, é falta de fé nas pessoas, enquanto o ceticismo é apenas a falta de fé em nossas próprias suposições.

Então, da próxima vez que um pensamento cínico surgir, Zaki recomenda examinar as evidências por trás dele em vez de se basear apenas em medos ou impressões vagas. Pergunte-se: “O que eu realmente sei que sustenta essa ideia? Será que estou generalizando?”

Alguns especialistas sugerem mais algumas formas de fugir dessa armadilha mental.

Valorize a ‘beleza moral’

Nosso cérebro é treinado para dar mais atenção ao negativo do que ao positivo — uma armadilha psicológica conhecida como viés da negatividade.

Zaki compartilha um exemplo simples: se alguém o corta no trânsito, você provavelmente passará o dia reclamando disso. Mas raramente reconhecemos os muitos motoristas que seguem as regras e são educados.

Quando você se sentir descrente em relação às pessoas, reserve 15 minutos do seu dia para observar atos de gentileza que ocorrem ao seu redor. Dacher Keltner, autor de “Admirar”, chama esses momentos de “beleza moral”.

Eu testei essa ideia, e os resultados foram surpreendentes: observei um homem em um caminhão rindo e conversando com alguém em outro carro; uma mulher no supermercado deixou que uma pessoa com apenas dois itens passasse à sua frente. Depois desse exercício, ficou claro que a maioria das pessoas realmente é boa.

Espalhe boas fofocas

Quando fofocamos, tendemos a focar no negativo, mas Zaki sugere inverter essa lógica: comece a compartilhar histórias positivas sobre as pessoas. Pode ser um fato admirável que poucos conhecem, ou uma ação gentil que você viu.

Ele afirma que, ao elogiar publicamente as boas ações de alguém, você não só reduz seu próprio cinismo, mas também diminui o dos outros, porque passa a compartilhar fatos positivos e reais sobre a bondade humana.

Você também pode contar a outros como uma pessoa fez a diferença na sua vida, como no caso de um colega que sempre te ajudou sem alarde. Y. Joel Wong, professor de psicologia na Universidade de Indiana, afirma que espalhar “fofocas do bem” pode até inspirar os outros a fazer o mesmo. Ele chama isso de contágio social positivo — sim, nem todo contágio social precisa ser ruim!

Começo por aqui: minha amiga Maira está se preparando para competir no seu quinto Iron Man!

Quebre o ciclo do ‘ataque social’

Apesar de raros, os ataques de tubarão nos deixam com medo de entrar no mar. O mesmo acontece em nossas interações sociais.

Zaki sugere que, ao pensar em confiar em alguém, nossa mente tende a imaginar os piores cenários possíveis: rejeição, desprezo ou traição. O cinismo, muitas vezes, é o que ele chama de “pré-desapontamento” — aquela sensação de que não vale a pena confiar, porque no final todos vão te decepcionar de qualquer maneira.

Ele recomenda pequenos atos de coragem para quebrar esse ciclo. Pense em algo que você quer dizer a alguém próximo, mas tem hesitado em compartilhar. Ou tente puxar conversa com um estranho.

Antes de agir, estime como você acha que a interação vai ser positiva, numa escala de 1 a 10. Depois de interagir, veja como a realidade se compara à sua previsão. Curiosamente, a pesquisa mostra que as pessoas costumam gostar mais de nós do que imaginamos — um fenômeno conhecido como “lacuna de afeto”.

Wong acrescenta que o cinismo pode funcionar como um mecanismo de autoproteção, mas também bloqueia oportunidades de interações emocionais positivas e recompensadoras.

Recentemente, voltei a observar “beleza moral” no meu dia a dia. Um dos momentos mais marcantes foi ver um pai jovem passeando com seu bebê no canguru, claramente querendo que todos ao redor notassem o quão adorável era a criança. E muitos de nós percebemos: ele recebeu uma enxurrada de elogios que certamente aqueceu meu coração cínico.

A verdade é que, no fundo, as pessoas ainda podem surpreender — para melhor. [NY Times]

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