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CO2 na atmosfera excede 415 partes por milhão pela primeira vez na história humana

Os níveis atmosféricos de dióxido de carbono atingiram alturas nunca vistas antes em toda a existência humana – não história, existência.

Segundo dados do Observatório Mauna Loa, no Havaí, a concentração de CO2 na atmosfera é agora de mais de 415 partes por milhão (ppm), bem maior do que em qualquer outro ponto nos últimos 800.000 anos, desde antes da evolução do Homo sapiens.

Marco sombrio

O observatório faz medições regulares desde 1958, quando foram iniciadas pelo falecido Charles David Keeling. O gráfico do aumento da concentração de CO2 na atmosfera, Curva de Keeling, é nomeado em sua homenagem.

“Esta é a primeira vez na história da humanidade que a atmosfera do nosso planeta tem mais de 415 ppm de CO2. Não apenas na história registrada, não apenas desde a invenção da agricultura, há 10.000 anos. Desde antes dos humanos modernos existirem milhões de anos atrás. Nós não conhecemos um planeta como este”, explicou o meteorologista Eric Holthaus na rede social Twitter.

Durante a Época do Plioceno, cerca de 3 milhões de anos atrás, quando as temperaturas globais eram provavelmente 2 a 3 graus Celsius mais altas do que hoje, estima-se que os níveis de CO2 tenham atingido algo entre 310 e 400 ppm.

Naquela época, o Ártico estava coberto de árvores, não de gelo, e os níveis globais do mar eram provavelmente 20 metros mais altos do que hoje, ou mais.

Mea culpa

Sabemos que os altos níveis de CO2 na atmosfera são causados ​​pela queima de combustíveis fósseis e pelo desmatamento de florestas, ações humanas que impedem que o ciclo de resfriamento natural da Terra funcione, prendendo o calor perto da superfície e fazendo com que as temperaturas globais aumentem, com efeitos devastadores.

A liberação de CO2 e outros gases de efeito estufa já levou a um aumento de 1° C na temperatura global. Esta vai continuar subindo se ações imediatas não forem tomadas pelos governos de todo o mundo.

De acordo com 70 estudos climáticos revisados ​​por cientistas, em um mundo 2° C mais quente, haverá 25% mais dias quentes e ondas de calor, que trazem consigo riscos para a saúde. Em todo o mundo, 37% da população estará exposta a pelo menos uma onda de calor severa a cada cinco anos e a duração média das secas aumentará em quatro meses, expondo cerca de 388 milhões de pessoas à escassez de água e 194,5 milhões a climas severos.

Inundações e condições meteorológicas extremas, como ciclones e tufões, aumentarão, incêndios florestais se tornarão mais frequentes e os rendimentos das colheitas cairão. A vida animal será devastada, com cerca de um milhão de espécies em risco de extinção. Os mosquitos, no entanto, irão prosperar, significando um aumento do risco de malária e outras doenças transmitidas por mosquitos em 27%.

Se tudo der certo

Essas são as estimativas para um aumento de 2° C, um número que está se tornando cada vez mais “esperançoso”.

Na realidade, o aumento poderia ser maior e, com uma temperatura 3 ou 4° C mais alta, entramos em um estágio de “estufa terrestre” que poderia tornar muitas partes do planeta inabitáveis.

Tudo isso já foi previsto há décadas. Sabemos também o que precisa ser feito para impedir tudo isso há décadas. Ninguém escutou. Como em todo o começo de filme de desastre, os cientistas têm sido ignorados.

Agora, segundo um novo relatório ultra abrangente do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, precisamos de “mudanças rápidas, de longo alcance e sem precedentes em todos os aspectos da sociedade” para termos uma chance de salvar o planeta. Isso significa, no mínimo, um corte drástico nas emissões de carbono, reflorestamento e criação de novas tecnologias para captura de carbono. [CNN]

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