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Bebês nascidos em casa têm quatro vezes mais chances de morrer

Uma nova pesquisa a ser apresentada ainda esta semana é um baque à tendência cada vez mais crescente do parto domiciliar. Segundo o estudo, a taxa de morte neonatal de bebês nascidos em partos feitos em casa é mais de quatro vezes maior do que de recém-nascidos que vieram ao mundo em hospitais.

Os pesquisadores também encontraram taxas de morte excepcionalmente altas entre as mães que tiveram seu primeiro filho em casa, em vez de terem realizado o parto em um hospital.

O estudo não tem como objetivo denunciar ou recriminar a escolha do parto em casa, auxiliado por uma parteira ou doula, mas sugere que estes profissionais, em conjunto com a falta de estrutura da residência da mãe, podem não ser qualificados para lidar com os problemas da maneira que uma equipe médica poderia fazer em um ambiente hospitalar. Ou seja, os autores vinculam o aumento do risco de mortalidade neonatal com as condições de um parto em casa, e não com as capacidades da pessoa que ajudará no nascimento do bebê.

“Se você fizer seu parto em um hospital com uma parteira, você consegue evitar 75% de todos os óbitos neonatais”, comenta Amos Grunebaum, coautor do estudo e obstetra do hospital Weill Cornell Physicians, em Nova York, EUA. As mortes neonatais são aquelas que ocorrem dentro de um prazo de quatro semanas após o parto de um bebê nascido vivo.

A prática dos partos domiciliares tem aumentado nos últimos anos, mas o debate acerca da segurança desta opção continua. Além de muito debate, o assunto tem rendido estudos que chegaram a conclusões bem diferentes. Uma pesquisa realizada em 2013 na Holanda – onde cerca de 30% dos partos são realizados em domicílios – revelou que as mulheres possuem menos complicações nos partos em casa do que em nascimentos hospitalares, desde que já tenham dado à luz antes (ou seja, não sejam “mãe de primeira viagem”) e tenham tido uma gestações de baixo risco.

Por outro lado, um estudo de 2010 de uma revista científica dos Estados Unidos chegou a uma conclusão praticamente semelhante à da pesquisa recente: bebês nascidos em casa enfrentam um aumento no risco de morte infantil. Em 2012, um estudo sobre partos realizados por parteiras em comunidades Amish encontrou uma menor taxa de complicações para as mães, mas um índice equivalente de morte neonatal nos partos domiciliares, em comparação com partos hospitalares.

No Brasil, o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro causou polêmica ao proibir o parto em casa no estado, em julho de 2012. No resto do país, a indicação é semelhante: a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, assim como o Conselho Regional de Medicina de São Paulo, não recomendam o parto domiciliar, devido ao “risco desnecessário à mulher e ao bebê”. Entretanto, a posição dos conselhos encontra resistência em diversas mulheres adeptas a prática, que a consideram a maneira mais natural e adequada de dar à luz seus filhos.

O novo estudo analisou certidões de nascimento e de morte de 14 milhões de bebês nascidos vivos nos Estados Unidos, então os dados representam a realidade para aquele país – assim como é o caso do estudo holandês. Os pesquisadores consideraram apenas bebês únicos e desconsideraram os nascimentos de gêmeos, trigêmeos etc.

Entre os nascimentos realizados por médicos obstetras em hospitais, houve um índice de morte de 3,1 bebês para cada 10.000 nascimentos, em comparação com 13,2 mortes para cada 10.000 nascimentos entre os bebês que vieram ao mundo por meio do trabalho de uma parteira, em um parto domiciliar.

Para as mães que estavam em seu primeiro parto, os nascimentos em casa conduzidos por parteiras apresentaram resultados ainda piores: 21,9 bebês faleceram para cada 10.000 nascimentos. Os riscos também aumentaram para as mulheres mais velhas e àquelas que estavam com 41 semanas de gravidez (ou seja, uma semana a mais do que a data prevista para o parto).

Mesmo quando se olha para os pacientes de baixo risco, os partos em casa são mais arriscados. Isso porque até mesmo um parto simples pode se transformar em uma emergência muito rapidamente. Quando o bebê está em apuros, você tem literalmente minutos para realizar o parto; não há tempo para transferir o paciente da casa da mãe até um hospital próximo a tempo.

As mulheres que desejam menos intervenções médicas durante o parto, mas sem abrir mão da infraestrutura e a consequente diminuição dos riscos para o bebês, devem considerar escolher o trabalho de parteiras treinadas para realizar o parto em um hospital. [Live Science e Science 2.0]

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