Impressão tridimensional é uma técnica para fazer objetos sólidos com dispositivos não muito diferentes de uma impressora de computador, criando-os linha por linha, e depois verticalmente camada por camada.
Agora, o próximo passo na revolução da impressão em 3D pode ser imprimir partes do corpo como cartilagem, ossos e até mesmo a pele.
Embora a abordagem da impressão 3D trabalhe com polímeros e plásticos, recentemente as matérias-primas foram se ramificando significativamente. As impressoras foram cooptadas até para fazer comida, experiências biológicas apelidadas de “biotecnologia de garagem”.
Porém, a verdadeira novidade é que a técnica pode ser usada para criar artisticamente novas partes do corpo – a bioimpressão. O objetivo dos pesquisadores é imprimir “pele” diretamente sobre vítimas de queimaduras.
O grupo de cientistas está desenvolvendo um sistema portátil que pode ser levado diretamente até as vítimas. O original do dispositivo é que ele tem um sistema de scanner que identifica a extensão e profundidade da ferida, porque cada ferida é diferente. Essa varredura é convertida em 3D por imagens digitais, que determinam quantas camadas de células então devem ser depositadas para restaurar a configuração normal do tecido lesado.
Segundo os pesquisadores, a motivação do programa é o desenrolamento das guerras no Afeganistão e no Iraque. Até 30% de todas as lesões e mortes que ocorrem a partir da guerra envolvem a pele, e a bioimpressão pode vencer alguns dos desafios que a medicina enfrenta no cuidado de queimaduras.
Durante uma conferência há pouco tempo atrás, o grupo exibiu uma impressora 3D para demonstrar como o projeto é bem estabelecido através da criação de uma orelha.
A exibição começou com um arquivo de computador com as coordenadas 3D de uma imagem escaneada de uma orelha real. Para a demonstração, as células reais que o grupo usaria normalmente foram substituídas por gel de silicone, a fim de bioimprimir a orelha.
A equipe também publicou resultados de bioimpressão de reparo em ossos danificados de animais. Mas o método ainda está em sua infância, e os pesquisadores enfrentam vários obstáculos técnicos.
Segundo os cientistas, alguns tecidos podem ser tratados mais facilmente que outros. A cartilagem, que é amorfa e não tem muita estrutura interna e vascularização, é um ponto de entrada para começar.
A cartilagem tem sido bastante bem sucedida em modelos animais, e seria a primeira coisa utilizada na prática com humanos. A partir disso, aumenta-se a complexidade do tecido, passando para osso ou talvez fígado.
Outro obstáculo é que os tecidos bioimpressos não são fáceis de conectar-se ao resto do tecido real. O que você colocar no corpo tem de estar ligado a vasos sanguíneos, que fornecem sangue e oxigênio. Esse é um dos desafios com tecidos maiores, por exemplo.
Por outro lado, uma das vantagens do uso da impressão informatizada é que você pode criar um tecido de forma mais precisa do que quando você constrói algo manualmente.
Os cientistas acreditam que a bioimpressão vai se tornar uma técnica padrão. A aposta é de que, em 20 anos, a tecnologia seja a principal tendência na área. [BBC]