Em vários novos vídeos do YouTube filmados nos Estados Unidos e no Canadá, contadores radiação Geiger aparecem zumbindo em um ritmo alarmante ao passar pela grama molhada e poças d’água logo após uma chuva recente.
Em Toronto, um homem detectou milhares de partículas de radiação por minuto na área em torno de sua casa. Ele postou: “De onde isso está vindo, eu não sei. Fukushima? Eles estão alterando as nuvens com isótopos radioativos para fazer alterações climáticas? Não tenho ideia, mas isso é ridículo”.
Apesar das especulações feitas pelo canadense, especialistas garantem que não há motivo para alarme. Na verdade, a chuva radioativa presenciada recentemente não é uma nova ameaça ou evidência de um encobrimento pela indústria nuclear, mas apenas um indicativo de quantas partículas naturalmente radioativas existem na atmosfera da Terra.
“O que as pessoas estão detectando é mais provavelmente radioatividade natural que vem em forma de chuva”, disse Ward Whicker, professor da Universidade Estadual de Colorado, EUA. “Fundamentalmente, a maioria das pessoas aprecia muito pouco a magnitude da radiação natural que sempre vive conosco”.
Em particular, há uma grande quantidade de urânio presente no solo e nas rochas. Com uma meia-vida de 4,5 bilhões de anos – o tempo que leva para a metade de uma dada amostra se decompor -, o urânio dentro da Terra progride lentamente através de uma série de manifestações em diferentes isótopos radioativos (variantes de um elemento químico particular, que têm diferentes números de nêutrons), e eventualmente torna-se o gás radônio. Este gás escoa para fora do solo e das rochas, até a atmosfera.
O radônio é de curta duração, com uma meia-vida de menos de quatro dias. Conforme ele decai, transformando-se em menos elementos radioativos, ele emite radiação alfa e beta. A chuva lava estas partículas para o chão. “Então, mesmo se você tiver uma chuva modesta por um curto período de tempo, com um contador Geiger, você pode facilmente medir a radioatividade depositada por ela”, disse Whicker.
Whicker também afirmou que os níveis apresentados na chuva recente não parecem anormais, e não há nenhuma razão para ligá-los a radiação de Fukushima.
E mais: é normal sentir perto de 1 milhão de eventos de absorção de radiação em seu corpo a cada minuto a partir de fontes naturais de radiação, incluindo raios cósmicos vindos do espaço e gás radônio se infiltrando a partir de urânio e tório do interior da Terra. “Esta é a radioatividade natural que sempre esteve presente, desde que a Terra se formou”, disse Whicker.
Mas nem tudo são rosas. Natural ou não, não deixa de ser importante minimizar a exposição ao gás radônio, que tende a ficar preso nos porões de casas mal ventiladas. O gás decai em elementos que ficam presos nos pulmões quando inalado e, ao inundar células com um fluxo constante de radiação, aumenta a chance de desenvolver câncer de pulmão.
A exposição ao gás provoca cerca de 21.000 mortes por câncer de pulmão a cada ano, apenas nos Estados Unidos. Especialistas recomendam testar a quantidade de radônio na sua casa, seja pela procura de um profissional ou através da instalação de um kit de teste de radônio, que pode ser comprado online.[LiveScience]