Um novo relatório do Banco Mundial afirma que houve uma ampla redução da pobreza extrema no mundo, concluindo que a grande recessão global não aumentou a pobreza nos países em desenvolvimento.
O relatório dizia que, pela primeira vez, a proporção de pessoas vivendo em extrema pobreza (menos de US$ 1,25 ou R$ 2,23 por dia) caiu em todas as regiões em desenvolvimento de 2005 a 2008.
Segundo dados preliminares de 2010, a maior recessão desde a Grande Depressão parece não ter atrapalhado a tendência.
O progresso é tão drástico que um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU, de reduzir a pobreza extrema pela metade, foi alcançado cinco anos antes do prazo final, que era 2015. Outra meta, de reduzir pela metade a proporção de pessoas sem acesso à água potável, também foi cumprida cinco anos à frente de seu calendário – 2015.
Todas as regiões do globo tem visto declínio da pobreza. A pobreza extrema na África subsaariana caiu de 55,7% da população em 2002 para 47,5% em 2008.
Mas especialistas alertam que mesmo os dados cuidadosamente construídos do Banco Mundial precisam ser tomados com cautela.
Segundo eles, os números de pobreza da China e da Índia podem estar muito altos. Outros argumentam que o número total de pobreza no mundo pode estar muito baixo.
Mais importante do que isso, todos concordam que US$ 1,25 é uma medida de pobreza absoluta.
As pessoas que vivem com US$ 1,26 ou $ 1,27 por dia não estão nada melhores quando se trata de se sustentar (alimentação, moradia, saúde ou educação para seus filhos).
A título de comparação, a linha de pobreza dos EUA está, mais ou menos, na faixa de US$ 13 (R$ 23) por dia por pessoa. Ou seja, temos mesmo motivo para comemorar o sucesso de reduzir pela metade a proporção do planeta que vive com menos de um décimo desse montante?
De qualquer forma, a tendência é clara: as pessoas mais pobres do mundo estão pelo menos um pouco melhor em termos de renda.
E para acrescentar a essa boa notícia, elas também estão melhores em termos de saúde e educação.
Em 1991, 44% das crianças de países de baixa renda (com rendimento nacional bruto abaixo de R$ 2.000 por habitante) completaram o ensino primário. Cerca de metade foram vacinadas contra o sarampo.
Já hoje, cerca de dois terços das crianças completam a educação primária, e quase quatro quintos são vacinadas. As taxas de mortalidade de crianças menores de cinco anos nos países mais pobres do mundo caiu de cerca de 17% em 1990 para 11% em 2010. Também melhoramos a paridade na educação primária entre meninos e meninas.
O mundo também tem feito progressos na diminuição da tuberculose, com 40% menos mortes em relação a 1990. As mortes por malária também diminuíram globalmente em quase um terço na última década.
Os dados também mostram que houve progresso na qualidade de vida, mesmo em países que não tiveram crescimento de renda (ou ele foi negativo) nas últimas décadas.
Alguns países tiveram renda média em 2005 menor do que era em 1960 (incluindo Zimbábue, Haiti, Nigéria e Libéria). Em média, os rendimentos nesses países caíram em um quarto. No entanto, a expectativa de vida média dos países é de dez anos maior, e as taxas de alfabetização quase duplicaram desde 1960.
Isso sugere que a mesma quantidade de dinheiro está comprando uma melhor qualidade de vida hoje.
Na minha opinião, é ainda mais do que isso. Mostra que a educação e a saúde são fatores para uma vida melhor, mais importantes que a renda. As pessoas são mais produtivas quando estão mais felizes, e o mesmo dinheiro faz mais.
Ou seja, apesar de não podermos dizer que estamos em uma situação ideal agora, os dados nos mostram que podemos alcançá-la. São também os próprios dados que nos dizem que a chave para isso é educação e saúde, e não capitalismo.
O Brasil se tornou a sexta maior potência econômica do mundo, mas e outros números? Mais pessoas alfabetizadas, melhores hospitais, menos mortes, menos violência?
Eu acredito que está na hora do governo acabar com muitas das bolsas, como o Bolsa Família, que saem do bolso do contribuinte (não todas, somente as que não trazem resultado ou que tornam o beneficiado acomodado no dinheiro sem a vontade de ter um trabalho com carteira assinada), e ao invés dar dinheiro, dar educação e saúde, para que essas pessoas tenham uma chance de crescer no mercado de trabalho, ser mais felizes e ganhar muito mais do que recebem hoje. E você, o que acha?[NYTimes]