Uma nova ideia pode ajudar os cientistas a detectar evidências da matéria escura; ao prestar atenção em ondulações na superfície das estrelas, as vibrações poderiam indicar que um estranho objeto de matéria escura, hipotético, conhecido como um buraco negro primordial, passou através delas.
As ondulações poderiam, assim, fornecer a prova observável da matéria escura, que os cientistas acreditam que é responsável por mais de 80% de toda a matéria no universo, mas até agora não foi detectada.
“Há uma questão mais ampla do que constitui a matéria escura, e se um buraco negro primordial for encontrado, ele se encaixaria em todos os parâmetros”, disse o coautor do estudo, Shravan Hanasoge. “Identificar um teria profundas implicações para nossa compreensão do universo primordial e da matéria escura”, completa.
Os cientistas acreditam que apenas 4% do universo é composto de material “normal”, que nós podemos ver. O resto é uma coisa estranha, chamada de energia escura e matéria escura.
Embora a matéria escura teoricamente domine o universo, os cientistas ainda não a observaram diretamente, apenas inferiram sua existência através de efeitos gravitacionais sobre a matéria que eles podem ver.
O novo estudo pode ajudar os cientistas a obter um melhor controle sobre o que é a matéria escura. Para isso, eles simularam o que aconteceria se um buraco negro primordial passasse por uma estrela.
Buracos negros primordiais são remanescentes teóricos do Big Bang, o evento explosivo que criou o universo. Esses objetos estranhos, que ainda não foram observados, são uma das várias estruturas cósmicas que podem ser a fonte de matéria escura.
Buracos negros primordiais são muito menores do que os buracos negros “normais” e, portanto, não engolem uma estrela e toda a sua luz. Ao contrário, suas colisões com estrelas causariam vibrações perceptíveis nas superfícies das estrelas.
“Se você imaginar um balão de água furado e observar a ondulação dentro da água, isso é semelhante à forma como superfície de uma estrela apareceria”, disse o autor do estudo, Michael Kesden.
“Ao olhar para como se move uma estrela em sua superfície, você pode descobrir o que está acontecendo lá dentro. Se um buraco negro passa, você pode ver a superfície vibrar”, explica.
As simulações dos pesquisadores também colocam alguns números em quão grande um buraco negro primordial teria que ser para causar uma ondulação perceptível. Eles descobriram que um objeto com a massa de um asteroide de tamanho decente faria o truque.
Se buracos negros primordiais existirem de verdade, os cientistas devem ser capazes de detectar um em algum ponto. “Agora que sabemos que buracos negros primordiais podem produzir vibrações detectáveis nas estrelas, nós poderíamos tentar olhar para uma amostra maior de estrelas”, disse Kesden. “A Via Láctea tem 100 bilhões de estrelas, então cerca de 10.000 eventos detectáveis devem estar acontecendo a cada ano na nossa galáxia, se soubermos para onde olhar”, conclui.[LiveScience]