Poderia o nosso enorme universo ser apenas um de muitos?
Cada vez mais os físicos acham que sim.
Antes cautelosos com a hipótese de multiverso, os cientistas agora estão mais inclinados a esta forma radical de pensar, em parte porque ela ajuda a explicar por que nosso universo é o único com os ingredientes físicos certos para tornar a vida possível.
Até agora, não encontramos nenhuma outra forma de vida em nenhum outro local que não a Terra. Pelo menos não no nosso universo.
A teoria do multiverso, se for verdadeira, pode sugerir que a vida é mais comum do que pensamos – ela pode existir também em outros universos.
O problema dessa hipótese, no entanto, é como testá-la.
Os defensores da ideia de multiverso devem mostrar que, entre os universos raros que sustentam a vida, o nosso é estatisticamente normal. A dose exata de energia do vácuo, a massa precisa do bóson de Higgs e outras anomalias devem ter chances altas de surgirem dentro do subgrupo de universos habitáveis.
Se as propriedades desse universo ainda parecerem atípicas mesmo no subconjunto habitável, então a explicação do multiverso é falha.
Mas o infinito sabota a análise estatística. Em um multiverso eternamente inflado, onde qualquer bolha (qualquer universo) pode se formar infinitamente, como medimos o que é “típico”?
Em um único universo, vacas nascidas com duas cabeças são mais raras do que vacas nascidas com uma cabeça. Mas, em um multiverso infinitamente ramificado, há um número infinito de vacas de duas cabeças e um número infinito de vacas com uma cabeça.
Como fica essa relação, então?
Durante anos, a incapacidade de calcular as razões de quantidades infinitas impediu a hipótese do multiverso de fazer predições testáveis sobre as propriedades deste universo múltiplo. Para a hipótese amadurecer em uma teoria da física de pleno direito, a questão da vaca de duas cabeças exige uma resposta. [io9]