Você já deve ter tido sonhos absurdos, e, se você lembra deles, deve se lembrar também de que, enquanto estava sonhando, tudo parecia natural e plausível.
O fato de tais “cenas não reais” não parecerem estranhas ou bizarras foi o que os cientistas do Laboratório do Instituto de Ciência Cerebral para Inteligência Adaptativa RIKEN, no Japão, liderados pelo pesquisador Keisuke Suzuzi, queriam explorar.
Eles criaram um capacete especial, parecido com um de realidade virtual, chamado de Realidade Substituta (Substitutional Reality – SR), para confundir a cabeça das pessoas.
Vários participantes foram gravados fazendo coisas como entrando numa sala e conversando com pesquisadores. Mais tarde, eles entraram novamente na mesma sala e receberam o capacete SR, com algumas instruções.
Depois que o colocaram, os participantes assistiram a algumas cenas gravadas, e presenciaram outras ao vivo.
Por exemplo, a primeira cena era uma “falsa cena ao vivo”: a gravação de um pesquisador na porta da sala de teste perguntando se o indivíduo está bem. Então vinha a gravação do próprio sujeito entrando na sala. A terceira cena era outra “falsa cena ao vivo” em que um pesquisador voltava à sala e explicava como tudo funcionava. A quarta e última cena era realmente ao vivo, e mostrava o pesquisador retornando e dizendo que tudo até aquele ponto era uma gravação.
Na maioria dos casos, ao ver a cena em que eles mesmo estavam entrando na sala, os sujeitos percebiam que se tratava de uma gravação, mas ainda assim não conseguiam distinguir entre cenas ao vivo e gravadas, mesmo após todo o experimento ter sido explicado a eles.
O sistema SR é capaz de dar ao paciente a convicção de estar experimentando o mundo real, uma convicção que é ausente nas tecnologias de realidade virtual atuais.
Segundo o professor Suzuki, o teste pode ajudar a entender pacientes psiquiátricos que afirmam estar vendo mais de uma realidade ao mesmo tempo.
A capacidade de manipular as correspondências entre as entradas sensoriais reais e as esperadas em ambientes altamente realísticos também pode servir para testar algumas teorias sobre a esquizofrenia. Os sintomas de esquizofrenia podem ser recriados de forma controlada, fornecendo pistas para as terapias e tratamentos. [DailyMail]