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Centenas de corpos são encontrados enterrados em fronteiras mexicanas

Esqueça os filmes e séries policiais: um episódio muito verdadeiro está acontecendo em tempo real no México.

Ao passar pelas modernas instalações da sede forense da Cidade do México é difícil imaginar que o prédio abriga um dos aspectos mais sombrios da guerra contra as drogas: dezenas de cadáveres não identificados, a maioria possíveis vítimas da violência das gangues de drogas que assolam partes do país.

Esses corpos foram encontrados em covas clandestinas no norte do México, apenas um toque macabro à sangria que tem matado cerca de 40.000 pessoas desde o final de 2006.

Alguns necrotérios encontrados, a maioria no norte, perto da fronteira com os EUA, abrigam centenas de cadáveres. Até hoje, 250 corpos foram descobertos no estado de Durango. Uma história semelhante se apresentou no estado nordeste de Tamaulipas, onde mais de 190 corpos foram encontrados no início deste ano, perto da cidade de San Fernando.

É por isso que muitos corpos foram trazidos para a capital. Como o serviço forense mexicano só tem instalações para lidar com 20 corpos por vez, o trabalho árduo mal começou.

“Tivemos que contratar dois caminhões especialmente equipados para transportar cadáveres”, conta José Gutierrez Silva, chefe do serviço forense mexicano.

O Serviço Forense da Cidade do México (Semefo) continua tentando dar um nome às vítimas armazenadas em temperatura controlada. A esperança de uma identificação positiva é de que o corpo possa ser entregue aos parentes.

Autoridades mexicanas dizem que o número de funcionários forenses empregados a nível nacional é agora de 1.500, muito maior do que os 454 de uma década atrás. Alguns estados, como Durango, abriram novos laboratórios forenses nos últimos meses, enquanto a principal universidade da Cidade do México, UNAM, está preparada para apresentar um curso de graduação no ano que vem para treinar pessoas em ciência forense.

Mas a expansão do serviço forense vai levar tempo – enquanto as vítimas continuam aumentando muito rápido.

A capital apoia os estados do norte recebendo corpos porque eles ainda não têm instalações para mantê-los por muito tempo. Como eles continuam encontrando corpos, isso torna o trabalho mais difícil.

Cerca de 120 dos corpos achados em Tamaulipas, alguns mutilados e com sinais de tortura, foram transferidos para Cidade do México.

Até agora, menos de um quarto dos cadáveres foi formalmente identificado. Nenhuma das vítimas tinha qualquer ligação com grupos criminosos. Eles eram migrantes tentando cruzar a fronteira com os EUA.

Isso poderia explicar por que algumas famílias procuram seus entes queridos. Muitos deles nem sequer sabem se seus parentes estão desaparecidos ou mortos. Segundo grupos de direitos humanos, cerca de 6.000 pessoas desapareceram no México desde 2006.

Quanto aos corpos nos cofres da Semefo, seu destino contém uma ironia cruel: se, em cerca de um ano, nenhum parente os reivindicar, eles serão enterrados novamente em valas comuns.[BBC]

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