Para sua surpresa, astrônomos que estavam usando o telescópio VISTA do Observatório Paranal, no Chile, descobriram um disco fino de estrelas muito jovens que cercam o núcleo da Via Láctea.
A descoberta vem da Pesquisa das Variáveis do Vista na Via Láctea (VVV). A pesquisa teve como objetivo mapear a região protuberante da Via Láctea usando o telescópio infravermelho – já que a luz infravermelha pode viajar através da poeira presente na parte plana da galáxia, que pode obscurecer as observações.
Como explica o site IFLS, o estudo observou estrelas variáveis chamadas cefeidas. Uma estrela de cefeida pulsa radialmente com um período bem definido. O período está ligado à luminosidade inerente de uma cefeida – quanto mais longo o período, mais brilhante a estrela é. Isso faz com que as cefeidas “velas padrão” – objetos astronômicos que têm uma luminosidade conhecida – ideais: observando o quão brilhante elas parecem e sabendo exatamente o quão brilhantes elas são, podemos descobrir a sua distância em observatórios. A relação entre o período e o brilho foi descoberto por Henrietta Swan Leavitt, em 1908.
Existem dois tipos de cefeidas variáveis. As clássicas são jovens, grandes e muito brilhantes, enquanto as outras, chamadas tipo II, são estrelas significativamente mais velhas e menores. O último tipo é encontrado principalmente no bojo galáctico, já que o centro da Via Láctea tem uma população mais velha de estrelas em comparação com o disco. O disco é rico em gás, de modo que estrelas se formam mais facilmente, assim vemos cefeidas clássicas nesta região – como esperado.
Formação surpreendente no centro da galáxia
A equipe descobriu 655 cefeidas – 620 do tipo II, mas também 35 clássicas, que a equipe não esperava observar tão perto do núcleo galáctico. Os objetos são todos surpreendentemente jovens, pelo menos em termos astronômicos: as 35 estrelas têm menos de 100 milhões de anos de idade, sendo que a mais jovem tem apenas 25 milhões de anos de idade. Esta não é a única surpresa no estudo, entretanto. Os 35 objetos estão espalhados em um disco fino em torno do bojo galáctico central, uma característica que não tinha sido visto antes.
O novo disco permaneceu desconhecido até agora porque ele está escondido por espessas nuvens de poeira. “Este estudo é uma poderosa demonstração das capacidades de sondagem incomparáveis do telescópio VISTA para regiões galácticas extremamente obscurecidas que não podem ser alcançadas por qualquer outra pesquisa em curso ou planejada”, afirmou Istvan Dékány, principal autor do novo estudo, em um comunicado.
Estudos futuros sobre o disco fino de cefeidas terá de avaliar se as estrelas nasceram lá ou se elas simplesmente migraram para o centro. O passado detalhado da Via Láctea é ainda um assunto muito misterioso, mas descobertas como esta nos dão pistas importantes sobre como a nossa galáxia evoluiu. [Gizmodo, IFLS]