Muitos países viveram recentemente um aumento na precipitação intensa. Agora, climatologistas afirmam que, pelo menos em parte, essa é uma consequência da influência humana sobre a atmosfera.
No estudo, os cientistas usaram programas de computador elaborados que simulam o clima para analisar se o aumento das tempestades severas, nevascas e eventos similares poderiam ser explicados pela variabilidade natural do clima.
A resposta: não. O aumento só tinha sentido quando os computadores consignaram os efeitos dos gases do efeito estufa liberados pelas atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis.
O trabalho aborda tendências do clima entre 1951 e 1999, portanto, não inclui qualquer análise de precipitações extremas do ano passado, as inundações catastróficas no Paquistão, China e Austrália, bem como partes dos Estados Unidos. No entanto, o documento é susceptível de reforçar um sentimento crescente entre os cientistas de que eventos como as inundações de 2010 se tornarão mais comuns.
Como demonstrado em estudos anteriores, a probabilidade de precipitações extremas em qualquer dia aumentou cerca de 7% durante a última metade do século 20, pelo menos para as áreas de terra do hemisfério norte para o qual havia dados disponíveis suficientes para fazer uma análise.
A principal descoberta da nova pesquisa é que esses 7% estão bem fora dos limites da variabilidade natural.
De fato, um aumento de extremos climáticos tem sido uma previsão fundamental da ciência do clima ao longo de décadas. A física básica sugere que, conforme a Terra aquece, os extremos de precipitação serão mais intensos, simplesmente porque o ar mais quente pode levar mais vapor de água.
Estatísticas confirmam que isso já começou a acontecer. Um estudo acredita que as chuvas que inundaram a Inglaterra e o País de Gales em 2000, o outono mais chuvoso desde os registros de 1766, foram causadas muito provavelmente pelos gases do efeito estufa liberados por atividades humanas. Os cientistas utilizaram computadores e descobriram que as chances de enchentes memoráveis praticamente dobraram em um clima com o efeito estufa.
Porém, as previsões são um grande problema da climatologia. Mesmo quando as estatísticas de tempo adequadas estão disponíveis para uma região afetada, os cientistas precisam de anos para executar análises de computador de qualquer evento específico e calcular se ele foi causado pelo aquecimento global.
Alguns governos e especialistas reconheceram a necessidade de uma análise mais rápida dos extremos climáticos e disseram que pesquisadores estão trabalhando para desenvolver essa capacidade.
O problema é tornar a pesquisa mais do que teoria. Bilhões de dólares foram prometidos pelos países ricos para ajudar os países pobres a se adaptarem à mudança climática. Com dinheiro na mesa, é necessário desenvolver a base científica para ser capaz de distinguir urgentemente os impactos da mudança climática genuína das consequências infelizes do mau tempo. [NewYorkTimes]