Tempos estranhos estes, quando descobertas científicas são feitas durante a produção de um filme – o último lugar onde se espera encontrar alguma ciência séria é em Hollywood, com algumas notáveis exceções.
Aliás, descobertas científicas a partir do material feito para filmes é algo totalmente inédito, mas é o que aconteceu com “Interstelar”.
O roteiro do filme pedia um Buraco de Minhoca e um Buraco Negro Girante. Na busca de realismo, os produtores resolveram contratar o físico Kip Thorne, que já escreveu livros sobre gravidade, colaborou com Carl Sagan e Stephen Hawking, e é considerado uma das maiores autoridades em gravitação.
Kip começou indo para o quadro-negro e escrevendo as equações da Teoria da Relatividade de Albert Einstein. Um buraco negro não emite luz, então o que há para ver é o efeito causado pelo buraco negro no seu entorno. E isto significa uma lente gravitacional.
Einstein previu que a distorção do espaço-tempo causada pelo buraco negro funcionaria como uma lente de aumento, fato que tem sido usado por astrônomos e astrofísicos para examinar o universo além da capacidade do equipamento à disposição.
A surpresa aconteceu ao criar a visualização gráfica. Uma das coisas que um buraco negro girante faz é chamada de “frame dragging”, o que deveria produzir, segundo os cálculos de Thorne, um disco luminoso em torno do equador do buraco negro.
Só que, ao fazer a animação baseado nestes conceitos, o que Thorne viu foi um “eco luminoso” do disco acima e abaixo do buraco negro. Este efeito deu aos físicos um novo insight de como a luz se comporta em torno de buracos negros girantes.
A imagem resultante não é apenas a mais cientificamente precisa, mas também é muito bela. Quando começou a fazer o filme, o diretor Christopher Nolan achava que teria que dar uma maquiada nas imagens, para deixá-las mais agradáveis para a plateia. Não precisou.
Kip pretende apresentar dois trabalhos científicos, um para um periódico de astrofísica, e outro para um periódico de computação gráfica. [Business Insider]