Cientista propõe teoria polêmica para explicar como Stonehenge se formou

Por , em 23.05.2018

As imponentes rochas de Stonehenge são tão pesadas que a ideia de como elas teriam sido transportadas pelo povo neolítico sempre intrigou cientistas e pesquisadores.

Agora, uma nova teoria controversa sugere que uma geleira, em vez de pessoas, foi o que levou as grandes pedras do oeste do País de Gales até a planície de Salisbury, na Inglaterra, onde hoje se encontra o monumento.

Muitos arqueólogos, no entanto, discordam dessa hipótese, afirmando que ela carece de evidências e subestima as conquistas e a habilidade dos antigos construtores dessa estrutura.

A história de Stonehenge

A história de Stonehenge se estende desde 8500 aC, quando pessoas mesolíticas cavaram poços para postes semelhantes a totens no local.

Já os primeiros pilares de pedra foram erguidos por volta de 2500 aC, e rearranjados por pessoas ao longo dos próximos milhares de anos.

O monumento tem dois tipos de pedras principais que vêm de diferentes lugares: as pedras maiores de sarsen no círculo externo – que têm até 9 metros de altura e pesam em média 22 toneladas – provavelmente vêm de Marlborough Downs, a cerca de 32 quilômetros ao norte de Stonehenge.

Os arenitos, consideravelmente menores, pesam até 3,6 toneladas e são compostos por cerca de 30 tipos de rochas que vêm de vários locais no oeste do País de Gales, a uma distância de cerca de 225 km.

Como estas pedras “menores” chegaram a Stonehenge é um debate de longa data.

Conto heroico equivocado?

Em um novo livro que será lançado em junho, “The Stonehenge Bluestones” (Greencroft Books, 2018), o geomorfologista Brian John argumenta que geleiras carregaram os arenitos de Gales até a Inglaterra.

Esta hipótese não é inteiramente nova; foi proposta pela primeira vez em 1902 em um artigo científico na revista Archaeologia. Porém, um estudo de 1923 do geólogo britânico Herbert Henry Thomas – que ligou os arenitos a afloramentos rochosos em Pembrokeshire, no oeste do País de Gales – descartou a ideia da geleira.

Desde 1923, as pessoas tomaram a declaração de Thomas como mais ou menos definitiva, assumindo que, se o gelo não poderia tê-las carregado, as pedras devem ter sido trazidas por seres humanos. John crê que esta interpretação está errada.

“As pessoas amam essa história, os ancestrais heroicos recolhendo essas pedras do oeste de Gales e depois levando-as até Stonehenge”, disse. “Todos nós amamos contos heroicos, e acho que é por isso que as pessoas aceitam isso, sem questionar as evidências nas quais se baseia”.

Hipótese glacial

John olha para a situação da seguinte maneira: a maioria das pedras não são pilares bem esculpidos, mas “pedregulhos” característicos de rochas apanhadas em geleiras.

Além disso, cerca de 500.000 anos atrás, o Glaciar do Mar da Irlanda cobria partes do Reino Unido. Ainda não está claro até que ponto esta geleira se estendia, “mas é razoável supor que, uma vez que era uma geleira grande, podia muito bem ter chegado ao limite da planície de Salisbury”.

O cientista também não pensa que há provas de que os humanos carregaram, empurraram ou transportaram as pedras para Stonehenge.

John observou que Stonehenge parece inacabado, provavelmente porque a geleira não derrubou pedras o suficiente para que pessoas o completassem. Isso se encaixa em um padrão visto em outros monumentos de pedra antigos no Reino Unido, em que as pedras foram coletadas localmente, não de longe.

A favor dos humanos

Diversos arqueólogos discordam da hipótese da geleira. Segundo Josh Pollard, professor de arqueologia da Universidade de Southampton, na Inglaterra, não existem evidências de depósitos glaciais com grandes pedaços de pedra calcária em qualquer lugar perto de Stonehenge.

Pollard faz parte do The Stonehenge Riverside Project, um projeto cujos membros estudam os afloramentos rochosos em Pembrokeshire que combinam com as pedras em Stonehenge. Dois afloramentos, chamados Craig Rhos-y-Felin e Carn Goedog, têm evidência de atividade neolítica, incluindo valas rasas, ferramentas de pedra e depósitos de carvão que datam do Mesolítico, do Neolítico e da Idade do Bronze. Esses artefatos podem ser evidências deixadas pelas pessoas que extraíram pedras de lá para Stonehenge.

Além disso, os arenitos não se parecem com detritos glaciais, conhecidos como “moreias”. “Os arenitos são muito parecidos com pilares. Não são o tipo de pedras que você encontraria em moreias glaciais, que seriam pedregulhos menores e mais redondos”, explicou, acrescentando que rochas glaciais são tipicamente arranhadas. Alguns dos arenitos, como o riolito, provavelmente desintegrariam se fossem depósitos glacias.

Pollard não concorda que não existem provas de que pessoas tenham movido as pedras. “Sabemos onde algumas dessas rochas começaram. Podemos ver onde foram extraídas dos afloramentos rochosos, e sabemos que acabaram em Stonehenge. Isto é, se você quiser, evidência de movimento”, disse.

Excepcional

Outros monumentos neolíticos de pedra no Reino Unido incluem rochas de longe, incluindo o Anel de Brodgar, na Escócia, e o Newgrange, na Irlanda. E, mesmo que não fosse o caso, Pollard crê que isso não é motivo para não haver uma exceção.

“É importante lembrar que o Stonehenge é um monumento excepcional. É icônico por uma razão: porque no mundo neolítico, não há nada parecido com ele”, argumentou.

Quanto a ser inacabado, é verdade que Stonehenge foi reorganizado ao longo de sua história. Mas os povos pré-históricos rotineiramente remodelavam seus monumentos. Os restos de Stonehenge indicam que havia mais pilares lá.

Heróis, sim

Em um experimento em 2016, Barney Harris, que faz doutorado em arqueologia na University College London, na Inglaterra, e seus colegas descobriram que apenas 10 pessoas eram necessárias para transportar em um trenó uma pedra gigante a cerca de 1,6 km/h.

Tal caminho, cheio de uma mistura de madeira e galhos, poderia ter ajudado o povo neolítico a arrastar as pedras para Stonehenge. É até possível que esses blocos de rocha tenham sido flutuados em jangadas por parte do caminho.

Embora desafiadora, tal façanha poderia ter unido pessoas. Mover as rochas poderia ter ajudado algumas delas a avançar sua posição social na comunidade.

Aí reside o impasse: enquanto John diz que os arqueólogos se baseiam na chamada realização heroica dos povos antigos para defender sua teoria, os arqueólogos afirmam que John subestima nossos antepassados pré-históricos. “[John] não dá crédito às pessoas pré-históricas pela capacidade de fazer coisas notáveis. Ele tem uma ideia de que todos na pré-história estavam seguindo a rota mais fácil de menos esforço”, disse Pollard. [LiveScience]

3 comentários

  • Chaouki Haddad:

    Um monte de teorias que não convencem nada…

  • Dalmo ribeiro do val marques:

    quem será esse maluco que está inventando essa teoria do hipótese Glacial? Acho que o sujeito não tem o que fazer na vida, senta na mesa de um bar pede um Whisky com GELO e fica tendo ideias.

  • Abelanarco Carpen Die:

    Aliens, nada de gelo e sim aliens kkkkk

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