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Cientistas “decodificam” o glúten para combater a doença celíaca

Quem sofre com a doença celíaca sabe o quanto é difícil ter que observar, em cada alimento, a presença ou não de glúten. É um sobressalto alimentar permanente e uma verdadeira vida paralela às das outras pessoas no quesito refeições. Com isso, a pessoa não pode comer pães, bolos, macarrão, pizza, bolachas e outros alimentos populares e muito consumidos no ocidente. Essa doença genética faz com que o corpo tenha rejeição a alimentos com trigo, cevada e centeio, que causam atrofia de partes do intestino delgado quando são ingeridos por um portador da doença.

Se uma pessoa desobedece à sua biologia e consome glúten, a reação do corpo é a seguinte: o intestino, atrofiado, perde a capacidade de digerir vários outros nutrientes, incluindo vitaminas. Com isso, os sintomas são falta de energia e disposição, perda de peso, diarreia, e crianças podem ter problemas no desenvolvimento. Essa disfunção intestinal é uma reação auto-imune, o próprio organismo ataca o intestino.

O glúten é uma proteína combinada com o amido, razão pela qual é encontrada em tantos alimentos de origem vegetal. Como não existe, atualmente, nenhum tratamento para a doença celíaca que não seja a total remoção dos alimentos que contêm glúten, cientistas de um instituto de saúde em Victoria (Austrália) estão analisando os três componentes internos do glúten que são responsáveis pela rejeição intestinal.

Buscando “decodificar” o glúten, os pesquisadores reuniram 200 portadores de doença celíaca para um acompanhamento. Os participantes eram servidos diariamente com porções de pão e bolinhos contendo centeio e cevada, durante três dias. Seis dias depois do início do experimento, foram colhidas amostras de sangue dos pacientes. A partir do exame, mapearam como os organismos reagem a cada um dos mais de 2.700 peptídeos (partes internas da proteína) do glúten. Em 90 peptídeos houve alguma mudança, e em três deles houve grandes reações ao glúten, e era o que os pesquisadores esperavam encontrar.

Sabendo quais são os peptídeos, os cientistas podem começar a trabalhar em um método para neutralizá-los no glúten. O objetivo maior é permitir que portadores da doença celíaca, que é genética, possam comer todos os alimentos que até hoje lhes foram proibidos. Além disso, o mesmo método pode ser usado para amenizar o sofrimento de pessoas que sofrem com reações alérgicas semelhantes (como a alergia ao leite por exemplo) e buscar novas formas de tratamento. [Live Science]

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