O tubarão-baleia gigante é uma espécie difícil de estudar, especialmente quando se trata de acasalamento e reprodução. Mas uma nova análise de raros embriões de tubarão-baleia sugere que as fêmeas podem estocar espermatozóides após o acasalamento.
O estudo, uma análise genética de 29 embriões que foram retirados de um tubarão-baleia fêmea capturado perto de Taiwan, em 1995, constatou que apesar de estarem em diferentes estágios de desenvolvimento, todos os embriões tinham o mesmo pai.
Os dados sugerem que os tubarões-baleia fêmea acasalam apenas uma vez, armazenam o esperma e fertilizam seus próprios ovos (que se desenvolvem em embriões) no futuro, conforme eles são produzidos.
Se o acasalamento ocorre aleatoriamente, isso dá a fêmea uma espécie de reprodução “segura”. Assim, ela tem esperma disponível para continuar a fertilizar seus próprios ovos, mesmo se não encontrar outro macho adulto.
Com cerca de 5 a 12 metros de comprimento, os tubarões-baleia são as maiores espécies de peixe. Eles vivem em águas quentes do mundo todo, mas os pesquisadores geralmente começam a estudá-los apenas em águas costeiras, onde jovens do sexo masculino se alimentam. Grande parte da vida dos tubarões parece ocorrer em mar aberto, onde eles são difíceis de observar. Ninguém jamais viu tubarões-baleia se acasalarem.
Tampouco fêmeas grávidas são uma visão comum. A primeira (de apenas três já relatadas) foi essa capturada em Taiwan. Ela tinha 304 embriões em seu útero, desde embriões desenvolvidos de 42 centímetros até ovos de 64 centímetros de comprimento, quase livres do útero.
Usando análises genéticas – essencialmente, um teste de paternidade para tubarões – os pesquisadores foram capazes de determinar que todos os embriões, muito provavelmente, eram do mesmo pai.
Os resultados surpreenderam os pesquisadores, porque a maioria dos tubarões estudados dá à luz a ninhadas de meio-irmãos após as fêmeas acasalarem com vários tubarões machos de uma vez. Embora seja possível que o tubarão-baleia fêmea acasale sempre com o mesmo macho ao longo do tempo, esse tipo de monogamia é inédita em tubarões. O mais provável é que a fêmea armazene o esperma.
Os pesquisadores não têm certeza quanto tempo os tubarões-baleia podem armazenar esperma, ou quantas vezes eles acasalam. Conclusões firmes sobre toda uma espécie não podem ser tiradas a partir de um único tubarão.
É possível, mas estatisticamente improvável, de que havia um outro pai, cujos embriões resultantes não foram guardados para o teste. É também possível que os tubarões-baleia se acasalem com vários machos, mas não esta exemplar em particular. Outra possibilidade é que dois tubarões com DNA quase idêntico acasalaram com esta fêmea, mas esta última possibilidade é também muito improvável.
Replicar o estudo vai ser difícil. O tubarão-baleia é listado como “vulnerável” pela União Internacional para a Conservação da Natureza, e é protegido por causa de sua captura em todo o mundo. Os poucos que são encontrados em aquários geralmente tem menos de 25 anos e não estão sexualmente maduros. Adultos do sexo feminino somente reúnem-se em alguns pontos do mundo, sobretudo no Mar de Cortez e perto das Ilhas Galápagos. Os pesquisadores estão agora tentando entender o que há de especial nesses pontos e se as fêmeas grávidas de lá podem ser estudadas. [LiveScience]