Um estudo recente publicado no periódico PLOS One revelou que pesquisadores conseguiram implantar memórias falsas em participantes ao expô-los a trechos deepfaked de remakes fictícios de filmes. Essas cenas de filmes fabricadas foram tão convincentes que alguns participantes realmente acreditaram que eram filmes reais, chegando a classificá-los acima dos filmes originais.
A pesquisa, liderada por Gillian Murphy, pesquisadora de desinformação da Universidade College Cork, na Irlanda, teve como objetivo explorar o impacto potencial de deepfakes na distorção da memória. Surpreendentemente, o estudo constatou que descrições simples em texto dos vídeos deepfaked foram igualmente eficazes em distorcer as lembranças dos participantes, sugerindo que os deepfakes podem não ser o único fator responsável pela manipulação das memórias.
Durante o experimento, 436 participantes foram mostrados trechos deepfaked de remakes de filmes inexistentes, com atores como Brad Pitt em “O Iluminado” e Charlize Theron substituindo “Capitã Marvel”. Um exemplo marcante apresentava Chris Pratt assumindo o papel de Harrison Ford em “Os Caçadores da Arca Perdida”, que foi compartilhado no Twitter por Gillian Murphy.
Os resultados indicaram que aproximadamente 49% dos participantes foram enganados pelos vídeos deepfaked, com surpreendentes 41% deles até mesmo acreditando que o remake de “Capitã Marvel” era superior ao original.
Murphy enfatizou que os resultados não devem nos alarmar excessivamente, já que os deepfakes não representam uma ameaça sem precedentes em comparação com outras formas de desinformação. No entanto, o estudo levantou preocupações sobre o uso potencial de tecnologias emergentes como os deepfakes.
Para proteger contra as implicações negativas dos deepfakes, promover a alfabetização tecnológica entre as pessoas para distinguir entre mídia real e manipulada pode ser crucial. Além disso, é necessária vigilância à medida que a inteligência artificial generativa continua a melhorar, pois pode apresentar novos desafios na diferenciação entre conteúdo autêntico e fabricado, potencialmente distorcendo nossa compreensão de eventos históricos.
A disseminação de deepfakes representa uma preocupação crescente na era digital, à medida que a tecnologia avança e se torna mais acessível. Essas manipulações de mídia digital têm o potencial de causar sérios danos, desde comprometer a reputação de indivíduos públicos até influenciar o cenário político e social.
Além do impacto na criação de falsas memórias, os deepfakes também podem ser utilizados para espalhar notícias falsas e desinformação em escala nunca antes vista. Imagine vídeos deepfaked de figuras proeminentes fazendo declarações enganosas ou agindo de maneira inadequada – isso pode levar a reações em cadeia e danos irreparáveis às vítimas.
Com o avanço da inteligência artificial, é provável que a qualidade e a acessibilidade dos deepfakes continuem a melhorar, tornando ainda mais difícil para o público discernir o que é real do que é falso. Isso gera um dilema ético e social que exige soluções abrangentes.
Uma abordagem para combater os efeitos prejudiciais dos deepfakes é por meio da educação e conscientização pública. É crucial que as pessoas sejam informadas sobre a existência de deepfakes, seus perigos potenciais e as técnicas para identificá-los. Iniciativas para promover a alfabetização digital e a compreensão de como a tecnologia de manipulação de mídia funciona podem ajudar a criar uma sociedade mais resistente a esse tipo de desinformação.
Além disso, governos e plataformas de mídia social devem trabalhar juntos para desenvolver políticas e tecnologias que detectem e removam deepfakes prejudiciais. Uma maior cooperação internacional nesse sentido pode ser necessária, considerando que as fronteiras digitais não são tão facilmente controladas quanto as físicas.
No entanto, também é importante equilibrar as medidas de combate aos deepfakes com a liberdade de expressão e a privacidade dos indivíduos. Encontrar o ponto ideal em que se possa prevenir o uso malicioso dos deepfakes sem suprimir o discurso legítimo e a criatividade é um desafio complexo.
Em suma, embora os deepfakes tenham o potencial de manipular a realidade e distorcer memórias, a conscientização, educação e colaboração são chaves para mitigar seus impactos negativos. Enquanto a tecnologia continua a evoluir, é crucial que a sociedade esteja preparada para enfrentar esses desafios emergentes, garantindo que a disseminação de informações falsas não supere a busca pela verdade e pela integridade. [Futurism]