No início deste ano, a alta atmosfera sobre o Ártico perdeu uma quantidade sem precedentes de ozônio, tanto que as condições ecoaram o buraco de ozônio anual do lado oposto do planeta, na Antártida.
“Pela primeira vez, a perda ocorrida foi suficiente para ser razoavelmente descrita como um buraco de ozônio Ártico”, disseram os pesquisadores.
Na superfície da Terra, o ozônio é um poluente, mas na estratosfera forma uma camada protetora que reflete a radiação ultravioleta de volta ao espaço. Os raios ultravioleta podem danificar nosso DNA e levar ao câncer de pele e outros problemas.
Algum grau de perda de ozônio sobre o Ártico, e a formação do buraco de ozônio da Antártida, são eventos anuais durante os invernos respectivos dos polos.
Esses eventos são movidos por uma combinação de temperaturas frias e uma persistente destruição do ozônio.
As reações químicas que convertem químicos menos reativos em destruidores de ozônio ocorrem dentro do que é conhecido como vórtice polar, um padrão de circulação atmosférica criado pela rotação da Terra e temperaturas frias.
No inverno e na primavera passados, o vórtice polar ficou excepcionalmente forte, junto a um período excepcionalmente longo e frio.
O vórtice deste ano foi recorde: persistiu ao longo do Ártico a partir de dezembro até ao final de março, e as temperaturas frias estenderam-se a uma altitude extremamente baixa.
Em altitudes de cerca de 18 a 20 quilômetros, mais de 80% do ozônio presente em janeiro havia sido destruído quimicamente até o final de março.
A mesma dinâmica cria o buraco de ozônio sobre a Antártida. Mas acima do Polo Sul, o ozônio é completamente removido da baixa estratosfera todo ano.
Acima do Polo Norte, no entanto, a perda de ozônio é altamente variável e, até agora, tinha sido muito mais limitada.
Os países concordaram em acabar com a produção das substâncias em última instância responsáveis pela destruição do ozônio em 1987, com o Protocolo de Montreal. No entanto, esses poluentes, incluindo os clorofluorcarbonos, ainda permanecem na atmosfera.
Os cientistas acreditam que a perda de ozônio deve melhorar nas próximas décadas, conforme os níveis atmosféricos destes produtos químicos diminuem.
O aquecimento global está implicado na perda de ozônio no Ártico porque os gases de efeito estufa “prendem” a energia mais abaixo, aquecendo a atmosfera mais perto do chão, mas resfriando a estratosfera, criando as condições propícias para a formação das substâncias químicas reativas que quebram as três moléculas de oxigênio do ozônio.[LiveScience]