A exploração de exoplanetas em busca de água líquida é fundamental na busca por vida fora da Terra. Recentemente, cientistas sugeriram um novo método que poderia aumentar significativamente a probabilidade de detectar tal presença.
Em um estudo divulgado em 28 de dezembro na revista Nature Astronomy, uma equipe de pesquisadores apresentou uma hipótese intrigante. Eles acreditam que se a atmosfera de um exoplaneta apresentar um nível de CO2 inferior ao de planetas vizinhos, isso pode ser um indicativo da presença de grandes quantidades de água, ou até mesmo de vida, em sua superfície.
A tarefa de localizar água líquida em planetas além do nosso sistema solar é uma grande desafio atual. Com a descoberta de cerca de 5.000 exoplanetas, ainda não foi confirmada a existência de água líquida em nenhum deles. Os cientistas estão limitados a detectar vapor de água nas atmosferas desses planetas e avaliar se eles poderiam teoricamente sustentar água em estado líquido.
Amaury Triaud, professor proeminente em exoplanetologia da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, destacou em um comunicado de imprensa: “A atmosfera da Terra já foi composta principalmente por CO2, mas, com o tempo, esse carbono foi absorvido pelos oceanos, permitindo que nosso planeta sustentasse vida por aproximadamente quatro bilhões de anos.”
O processo terrestre de absorção de carbono pelos oceanos, seguido do aprisionamento de carbono na crosta através da atividade tectônica, resultou em níveis muito mais baixos de CO2 em nossa atmosfera em comparação com Vênus e Marte. A atmosfera da Terra contém cerca de 0,04% de CO2, enquanto Vênus e Marte têm mais de 95% de CO2.
Os pesquisadores sugerem que encontrar uma atmosfera com baixo teor de carbono em um exoplaneta pode indicar a existência de oceanos extensos, semelhantes aos da Terra.
A detecção de CO2 é mais simples do que a localização de água líquida, pois o CO2 absorve muito bem a radiação infravermelha, criando um sinal detectável. Este método pode ser realizado usando telescópios atuais, como o Telescópio Espacial James Webb (JWST), e observações terrestres são viáveis devido ao comprimento de onda específico em que o CO2 é medido.
Sarah Casewell, professora de física e astronomia da Universidade de Leicester, no Reino Unido, que não participou do estudo, ressaltou a eficiência e o tempo reduzido de uso do telescópio necessário para esta abordagem.
Curiosamente, formas de vida também podem contribuir para níveis reduzidos de carbono em uma atmosfera. Na Terra, o sequestro de carbono é significativamente influenciado por processos biológicos, como a fotossíntese e a formação de conchas, representando cerca de 20% do total de captura de carbono.
Julien de Wit, professor assistente de ciências planetárias do MIT e coautor principal do estudo, expressou otimismo na declaração, “Apesar das dúvidas iniciais, este método renova a esperança de detectar vida em exoplanetas usando a assinatura do dióxido de carbono.”
Embora o conceito seja promissor, enfrenta desafios, particularmente na identificação de exoplanetas adequados com atmosferas para teste. Conforme Casewell mencionou em uma conversa com a Live Science, encontrar o sistema ideal pode ser mais complexo do que o previsto.
No entanto, à medida que mais exoplanetas e suas atmosferas são descobertos, essa técnica poderá desempenhar um papel crucial na determinação de seu potencial para sustentar vida. [Live Science]