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Cogumelos mágicos vs. Antidepressivos: Estudo Revela Benefícios Duradouros da psilocibina

Um novo estudo revela que a psilocibina, o ativo principal dos famosos “cogumelos mágicos”, pode oferecer efeitos antidepressivos a longo prazo comparáveis aos dos antidepressivos tradicionais, como o escitalopram. No entanto, a psilocibina se destaca ao proporcionar benefícios adicionais que vão além da mera redução dos sintomas depressivos.

Na pesquisa, 59 participantes com depressão moderada a severa foram divididos em dois grupos: um recebeu uma única dose de psilocibina, enquanto o outro seguiu um tratamento de seis semanas com escitalopram. Ambos os grupos também contaram com suporte psicológico de cerca de 20 horas. As avaliações feitas ao longo de seis meses mostraram que, embora ambos os tratamentos melhorassem os sintomas depressivos, os pacientes que tomaram psilocibina relataram uma experiência de vida mais rica, com um sentido de propósito e maior conexão social.

A pesquisa foi apresentada no Congresso da ECNP em Milão e está prestes a ser publicada na revista eClinicalMedicine. Tommaso Barba, o principal investigador e candidato a doutorado do Imperial College, em Londres, destacou que este é o primeiro estudo a analisar os efeitos a longo prazo de ambos os tratamentos no contexto do bem-estar geral. Anteriormente, em pesquisas de seis semanas, os dois métodos já haviam demonstrado melhorias semelhantes em termos de alívio dos sintomas.

Os resultados sugerem que a psilocibina pode ser uma opção promissora para aqueles que não respondem aos tratamentos convencionais, já que cerca de um terço dos pacientes não obtém resultados satisfatórios com os SSRIs. Além disso, a psilocibina pode ter um efeito benéfico sobre a libido, algo que os SSRIs, como Prozac e Zoloft, costumam comprometer.

Dr. David Erritzoe, diretor clínico do Centro de Pesquisa Psicodélica do Imperial College, afirmou que o aumento da conexão social e do sentido na vida pode impactar positivamente a qualidade de vida e a saúde mental a longo prazo. A terapia com psilocibina, portanto, poderia oferecer uma abordagem mais holística para a depressão, abordando tanto os sintomas quanto o bem-estar geral.

Os pesquisadores também observam que, apesar do tratamento de apenas seis semanas, muitos pacientes receberam cuidados adicionais durante o acompanhamento de seis meses. No entanto, Dr. Erritzoe ressalta que a psilocibina ainda é um medicamento experimental e deve ser administrada em ambientes controlados, longe das situações recreativas que podem trazer riscos.

Johan Lundberg, professor adjunto de psiquiatria no Instituto Karolinska, enfatizou a importância do estudo para comparar a psilocibina com tratamentos convencionais. Embora os resultados sejam promissores, ele alerta para algumas limitações, como a falta de análise de não inferioridade e a necessidade de considerar outras intervenções recebidas pelos participantes.

No final das contas, se a psilocibina for aprovada para tratar a depressão, pode não ser uma solução universal. Alguns pacientes podem achar o tratamento psicodélico mais atraente, enquanto outros podem se sentir intimidados pelas mudanças drásticas na percepção e pelas emoções desafiadoras que essa abordagem pode suscitar. A discussão sobre a psilocibina e sua eficácia apenas começou, e quem sabe se um dia não seremos todos especialistas em cogumelos mágicos?

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