Um estudo sobre as marés tira parte da culpa do capitão do Titanic, Edward Smith, 100 anos depois do acidente. A poucos dias do centenário do famoso naufrágio, que aconteceu em 15 de abril de 1912 e matou 1.516 pessoas, um grupo de pesquisadores da Universidade do Estado do Texas encerrou o trabalho que busca examinar a influência da lua na presença de tantos icebergs na época e local do evento.
Desde o naufrágio, pesquisadores tentam entender o que levou o Capitão Smith a ignorar o aviso da presença de icebergs nas águas em que navegava. Segundo historiadores, Capitão Smith foi escolhido para liderar o Titanic por ser um dos mais cautelosos e experientes marinheiros da época. Smith já havia navegado várias vezes o Atlântico norte, e conhecia muito bem a rota.
Segundo o físico Donald Olson, os icebergs da Groelândia costumam encalhar nas águas rasas da província canadense Labrador, e só podem continuar em direção ao sul quando derretem e perdem volume. A não ser que uma maré alta os empurre dali, os icebergs chegam às rotas dos navios apenas quando já estão praticamente inofensivos.
A equipe de Olson investigou a especulação do oceanógrafo Fergus Wood, de que a lua se aproximou da Terra de maneira rara em janeiro de 1912, e produziu marés tão altas que mais icebergs se separaram da Groenlândia e boiaram para o sul, ainda sem derreter. Naquele mês, dos últimos 1.400 anos, foi quando a lua esteve mais próxima da Terra. Olson também acredita que outro evento tenha aumentado ainda mais a maré: em 4 de janeiro de 1912, o sol e a lua se alinharam, de maneira que a força gravitacional dos dois objetos se somou.
“Essa configuração maximizou a força da lua sobre as marés nos oceanos da Terra. Isso é marcante”, afirma Olson. A pesquisa determinou que para alcançar a rota dos navios na metade de abril, o iceberg que foi atingido pelo Titanic deve ter se soltado da Groenlândia em janeiro de 1912. A maré alta causada pela combinação de eventos astrológicos teria sido suficiente para soltar icebergs da geleira e oferecer espaço suficiente para que eles boiassem por cima das águas rasas de Labrador e se movessem em direção às rotas marítimas.
A descoberta da equipe de Olson pode tornar o Capitão Smith inocente, por demonstrar que ele tinha um bom motivo para não se preocupar com a notícia de que havia um iceberg por perto, afinal, as pedras de gelo não deveriam ser tão numerosas ou grandes quanto foram. [Reuters]