Alguns anos atrás, a própria ideia de criar “impressões tridimensionais” soava absurda, futurista. Hoje, já se fala em imprimir objetos complexos, como protótipos detalhados e próteses.
“Existe até a ideia de, ao invés de imprimir com plástico, imprimir com material biológico para criar tecidos tridimensionais”, explica Hod Lipson, pesquisador da Universidade de Cornell (EUA).
Recentemente, Lipson e sua equipe conseguiram criar uma prótese de orelha usando tecnologia de impressão 3D. Ao invés de usar células vivas como “tinta”, porém, eles imprimiram moldes sintéticos (a partir da imagem digitalizada de orelhas de verdade) feitos de um tipo de hidrogel. Em seguida, eles implantaram os moldes sob a pele do dorso de ratos e os “cultivaram” (alguns foram removidos após um mês, e outros, após três).
Os moldes que tinham condrócitos (células encontradas em tecido cartilaginoso) incorporado ao gel cresceram sem perder o formato. “Nós desenvolvemos próteses de alta fidelidade, biocompatíveis, específicas para o paciente e construídas a partir de engenharia de tecido que ‘imitam’ consideravelmente o ouvido externo tanto no aspecto biomecânico como no histológico [de tecido]”, escrevem os autores em artigo publicado no PLoS ONE. Eles lembram que técnicas mais comuns tendem a ter resultados esteticamente menos agradáveis e a comprometer o tecido ao redor da área de implante.
O experimento pode abrir caminho para a fabricação de outros tipos de prótese a partir de impressão 3D. “Estamos imaginando como isso poderia funcionar no futuro”, conta Lipson. “Você passa por uma ressonância magnética de corpo inteiro e tem todos os detalhes, todos os formatos, distribuições e tudo o mais em um arquivo, para o caso de algo ser necessário posteriormente”. Para evitar rejeição, a prótese seria cultivada a partir de células do próprio paciente.
“Acreditamos que em 20 anos essa tecnologia será convencional”, diz.[Discover] [PLoS ONE]