Como o iPhone ajudou a salvar o planeta

Por , em 4.07.2019

Mais de 2 bilhões de iPhones foram vendidos desde o seu lançamento em 2007, e muita gente reclama da obsolescência programada e do desejo dos consumidores de continuarem trocando de aparelho cada vez que um modelo novo sai. Afinal de contas, o advento do smartphone aumentou o consumo de matéria prima mundial ou não?

Montar um aparelho desses requer metal, plástico, vidro e outros recursos naturais, alguns deles raros. O cobalto, por exemplo, é minerado à mão, algumas vezes por crianças de países pobres como a República do Congo.

Além disso, os smartphones também exigem bastante eletricidade para funcionar. Uma estimativa publicada pela revista Time aponta que um smartphone que é intensamente utilizado pode consumir a mesma quantidade de eletricidade em um ano que uma geladeira. Um iPhone usa cerca de 361 kW-h por ano se levar em conta também a cobertura de dados e conexão wireless, além da carga da bateria.

O escritor e radialista aposentado Steve Cichon aponta que nos anos 1990 precisávamos de dezenas de outros aparelhos eletrônicos para desempenhar funções que os smartphones também fazem. Alguns deles são: lanterna, despertador, câmera fotográfica, filmadora, calculadora, gravador de áudio, barômetros, altímetro, acelerômetro, GPS.

Ou seja, deixamos de produzir e consumir todos esses eletrônicos que também utilizam recursos naturais e energia. Quantos objetos deixaram de ser produzidos nos últimos 12 anos desde a popularização desses aparelhos smart?

Isso se chama “desmaterialização” do nosso consumo. Esta ideia não é recente; foi descrita pela primeira vez na década de 1920 por R. Buckminster Fuller.

Claro que essa desmaterialização não está acontecendo apenas com os smartphones. Isso tem acontecido em diversas outras áreas.

Esses 10 recursos naturais inesperados estão se esgotando

O uso de tecnologia na agricultura, por exemplo, tem tornado mais eficiente a irrigação e o uso de pesticidas e fertilizantes. Sensores e aprendizado de máquina permitem aproveitar melhor a energia elétrica de fábricas. O design inteligente de embalagens de papelão ou de alumínio permite que menos material seja utilizado para proteger o produto. Até a construção de prédios usa atualmente menos material do que há algumas décadas.

Esse tipo de tecnologia requer uma grande quantidade de eletricidade para ser desenvolvida, mas também economiza energia mais tarde. Isso parece explicar por que os Estados Unidos têm observado uma estagnação no consumo de eletricidade nos últimos dez anos. Nas décadas anteriores à crise de 2008, havia um aumento constante e significativo no uso de energia elétrica no país.

De todo modo, a tecnologia e a competição entre empresas para desenvolver designs mais eficientes não resolvem todo o problema de poluição e consumo desenfreado. Além disso, precisamos de boas políticas que incentivem a proteção ambiental e proteção dos direitos humanos dos extratores dos recursos naturais. Também temos que cobrar da Apple e outras empresas para que desenvolvam produtos mais duráveis que sejam trocados com menos frequência. [Time, Wired]

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