Vá para uma sala escura com um espelho e uma vela, ou coloque um abajur no chão, de forma que a sala fique na penumbra, e você mal consiga observar os seus traços no espelho. Sente-se a cerca de meio metro do espelho, e fique apenas observando (segundo variações do mito, é preciso chamá-la três ou cinco vezes). Não leva mais que alguns minutos, e você começará a ver coisas estranhas no espelho, coisas… assustadoras.
Conhecida como “Bloody Mary” pelos americanos (“Maria Sangrenta“), esta é uma ilusão que acontece com todo mundo, e sempre de forma semelhante, o que indica que se trata de um fenômeno do cérebro humano.
Algumas pessoas veem seu rosto no espelho se modificar, se transformar em alguma coisa assustadora, e têm a impressão de que não se trata do próprio rosto, mas de outra “coisa” ou “pessoa”.
Outras veem vultos surgirem (o “Espelho de Ojesed”, alguém?) atrás de si: um velho, uma criança, algum parente falecido, ou até mesmo um monstro ou uma figura irreconhecível. De qualquer forma, a experiência é sempre desagradável.
A explicação, segundo Giovanni B. Caputo, da Universidade de Urbino, Itália, está relacionada ao “efeito de Troxler” (ao você fixar o olhar em algum lugar, as imagens periféricas começam a desaparecer). Observe a imagem a baixo, concentrando-se na cruz ao centro. Depois de algum tempo, os pontos púrpura devem desaparecer. Se isto não acontecer, tente novamente.
Segundo Caputo, o aparecimento de um rosto diferente no espelho pode ser causado por um efeito Troxler incompleto. Como o olhar não se fixa em nada, toda a face no espelho acaba desaparecendo. Só que o cérebro “sabe” que ali há uma face, quando ela desaparece, tratamos de recriar os traços baseados em… imaginação.
Este mesmo efeito pode ser responsável por outra ilusão, quando vemos uma fotografia (funciona melhor com fotos em preto e branco) de pessoas em que a face de alguém cai exatamente sobre um dos pontos cegos da retina – o cérebro trata de completar o rosto faltante.
As pessoas que experimentam isto relatam ter visto coisas estranhas, como olhos brancos, rostos de cabeça para baixo, barbas que não existem, rostos que não eram os seus, ou o seu rosto onde não devia estar, bem como outras coisas do tipo.
Sabendo disso, você pode assustar alguém que acredite (ou que NÃO acredite) em fantasmas. Diga a esta pessoa que você pode “provar” que o seu quarto é mal-assombrado, e quando ele pedir para ver o fantasma, peça que observe o espelho que os fantasmas começarão a aparecer. [PsychWorld, NewScientist, Cortical Hemming and Hawing]