Para que inventar se podemos copiar, certo? Um novo estudo indica que a falta de ideias originais pode deixar sociedades vulneráveis a problemas e levá-las à extinção. Isso pode ter sido a causa do fim da população Maia, no sul do México, e também de uma população escandinava na Gloenlândia.
O excesso de caça, desmatamento e superpopulação são alguns motivos comuns para o fim de sociedades, mas Hal Whitehead, da Universidade de Dallhousie, no Canadá, e Pete Richerson, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, afirmam que diferentes estratégias de aprendizagem têm efeitos diferentes sobre o fim de algumas populações.
Os pesquisadores descobriram que o aprendizado conformista – que imita o que está sendo feito pela maioria – também pode causar o colapso de sociedades. Quando o ambiente permanece estável por longos períodos, o comportamento das populações tende a se desconectar das demandas ambientais, e, quando a mudança chega, os resultados são catastróficos.
Certas mudanças podem causar uma seleção natural, mas somente quando a mudança é tão lenta quanto a evolução. No caso de mudanças repentinas, a capacidade dos indivíduos aprenderem com a exploração e a experiência faz com que eles se adaptem melhor às mudanças. Descobrir as coisas sozinho é difícil, entretanto – e é uma perda de tempo quando os outros têm conhecimentos prévios. Entretanto, o aprendizado individual é a melhor forma de evitar o aprendizado conformista e um fim trágico.
O caminho para o fim
Modelos anteriores afirmavam que a evolução era beneficiada pela mistura das duas estratégias de aprendizado, sendo que cada uma servia para uma circunstância. Isso significa que as populações se beneficiam pela habilidade de aprender novas soluções para problemas emergentes, mas também pela facilidade de espalhar essas soluções através do aprendizado social conformista.
O novo modelo criado pelos pesquisadores explora como acontece o aprendizado em sociedades que permanecem estáveis por muito tempo. “Durante longos períodos com pequenas quantidades de mudanças, o aprendizado social conformista é uma estratégia mais bem-sucedida que o aprendizado individual, que é mais custoso”, afirma Richerson. Nesses ambientes, essa vantagem é verdadeira em curto prazo, mas pode levar a problemas sérios em longo prazo. “A mistura do aprendizado individual com o social, que evolui durante períodos estáveis, tende a ter muito pouco aprendizado individual para lidar com mudanças grandes, que são mais raras”.
Os resultados podem explicar por que algumas mudanças históricas aconteceram, segundo os autores. A civilização Maia, por exemplo, se destruiu em queda livre há aproximadamente 1200 anos, provavelmente devido a uma combinação de mudanças ecológicas com a inércia da cultura.
Destino similar tiveram migrantes escandinavos na Groenlândia, que se mantiveram conservadores culturalmente, mantendo suas tradições. Eles não conseguiram se adaptar em um ambiente cada vez mais difícil nem adotar o comportamento mais eficiente dos esquimós. É provável que esta população de escandinavos tenha se extinguido como resultado da desnutrição. “As sociedades deveriam promover o aprendizado individual e a inovação em vez da conformidade cultural, e os modelos de aprendizado social deveriam ser indivíduos que entendem como viver com as tendências ambientais atuais”, afirma Whitehead. [Nature]