Segundo um novo estudo, mulheres submetidas a certos tratamentos de infertilidade são mais propensas a engravidar se fizerem parte de um programa de redução de estresse ao mesmo tempo.
Tais resultados esquentam a discussão do papel do estresse na infertilidade. A questão é delicada porque, historicamente, os médicos culpam fatores psicológicos e emocionais pela incapacidade de um casal engravidar.
No entanto, pesquisas mostram que a maior parte dos casos de infertilidade é resultado de problemas físicos no sistema reprodutivo masculino ou feminino, e fatores psicológicos raramente são a causa primária da condição.
Na prática, esse é um tema extremamente sensível para os casais. Segundo os pesquisadores, não existe conselho mais indesejado do que apenas “relaxar” para conseguir ter um filho.
Ainda assim, o diagnóstico de infertilidade pode provocar um estresse considerável, além de tristeza, que podem levar a níveis elevados de depressão e ansiedade. Alguns estudos inclusive comparam o estresse da infertilidade com o experimentado por pacientes com câncer ou doenças cardíacas.
Os pesquisadores estudaram se o estresse poderia tornar o corpo um lugar menos hospitaleiro para uma gravidez, e interferir de alguma forma com o sucesso dos tratamentos de fertilidade.
Muitos programas de infertilidade oferecem aconselhamentos individuais aos casais, para ajudar homens e mulheres a lidar com o diagnóstico e o tratamento, mas até agora ninguém sabia se um determinado tipo ou duração de tratamento poderia afetar as taxas de sucesso.
100 mulheres americanas com menos de 40 anos participaram da pesquisa. Elas iam fazer fertilização in vitro, ou FIV, técnica na qual embriões se formam em tubos de ensaio e são implantados no corpo da mulher para ajudá-la a engravidar.
O grupo de controle recebeu apenas o tratamento de fertilidade, e um outro grupo recebeu o tratamento de fertilidade juntamente com um programa de 10 semanas de controle do estresse, que incluía terapia cognitiva-comportamental, treino de relaxamento e apoio social.
Foram realizados dois ciclos de FIV. No primeiro ciclo, não houve diferenças nas taxas de concepção entre os grupos. Os pesquisadores afirmaram que apenas metade das mulheres no grupo com redução de estresse havia começado o programa, e aquelas que tinham começado haviam completado apenas algumas sessões.
No segundo ciclo, a maioria das pacientes havia realizado pelo menos cinco sessões de controle de estresse. Nesse ponto, 52% das mulheres que participam do programa de redução de estresse ficaram grávidas, em comparação com 20% das mulheres no grupo de controle.
Os pesquisadores citam que o programa incluiu um exercício chamado “reestruturação cognitiva”, no qual as mulheres foram convidadas a partilhar pensamentos negativos recorrentes. Esses incluíram: “Eu nunca vou ser feliz se não tiver um bebê”, ou “A culpa é minha por esperar tanto tempo”.
As pacientes então aprenderam a substituir o sentimento negativo com um mais positivo, mas ainda realista, como: “Eu estou fazendo tudo que posso para ter um bebê saudável”. Segundo os pesquisadores, a reestruturação cognitiva é um grande avanço. A esperança é poderosa, e para enfrentar um ciclo FIV, a paciente precisa acreditar que ele vai dar certo.
A conclusão da pesquisa é que quando as mulheres estão estressadas e deprimidas, o corpo parece sentir que não é um bom momento para engravidar. A combinação de relaxamento e estar com outras mulheres que entendem o que você está passando faz a diferença nesse aspecto.[NewYorkTimes]