Após a primeira vitória do Brasil na Copa do Mundo 2010 (para quem é um ET e ainda não sabe do resultado, ganhamos da Coréia do Norte por 2×1) milhares de vuvuzelas – aquelas cornetas que estão muito populares nessa época – foram tocadas.
Se seu irmãozinho não comprou uma para atormentar todo mundo na sua casa, você já deve ter ouvido o som em algum outro lugar, e descobriu que não há palavras para descrever a chatice do barulho.
Mas porque, afinal, o som da vuvuzela é tão chato? Engenheiros acústicos responderam a essa pergunta.
O som que sai do instrumento (de tortura acústica, por assim dizer) é formado pelos lábios do “usuário” que, fazendo um barulho similar ao pum (ou, cientificamente falando, abrindo e fechando os lábios aproximadamente 235 vezes por segundo), aumenta a ressonância no cone. Se tocada por um expert a vuvuzela produz um som similar ao de um berrante, mas, na boca de torcedores fanáticos que só querem fazer barulho, o som não sai como esperado. Isso acontece porque as pessoas que não têm prática não conseguem manter o fluxo do ar e o movimento dos lábios constante.
E o som estranho obtido quando milhares de torcedores tocam suas vuvuzelas é causado pela diferença de freqüência que cada instrumento produz, também influenciado pelo “músico” que está tocando. Por isso não há um som padronizado e por isso um estádio da Copa fica soando como um enorme enxame de abelhas.
O grande volume a que uma vuvuzela pode chegar é explicado pelo formato do instrumento. Como é fino, ele produz notas mais agudas do que outros instrumentos do tipo, o que também explica a nossa sensação de que a vuvuzela é mais “gritante”.
Nossa audição é feita para se adaptar a sons persistentes. Veja o ronco do seu namorado, por exemplo: apesar de ele estar roncando, chega uma hora em que você se acostuma com o som e dorme também – apesar de ficar um período querendo afogar ele em seu travesseiro. Mas o ronco é (normalmente) um som grave.
O som da vuvuzela é chato por ser agudo, logo, nossa audição não se acostuma com ele. Como nossa audição é feita para ser um sistema de aviso (um som súbito podia significar um predador se aproximando, para nossos ancestrais), ficamos atentos a sons diferentes.
E a pergunta que não quer calar: sim, a vuvuzela prejudica a audição de quem fica exposto ao seu som por muito tempo. Como produz 116 decibéis a um metro de distância, ficar 7 segundos perto de uma vuvuzela já excede o limite de barulho que devemos suportar no ambiente de trabalho por lei. E, como uma multidão tocando vuvuzelas produz um som ainda mais forte, ficar em um estádio da Copa representa, sim, um risco para sua audição.
Na TV, normalmente, as emissoras fazem um balanço de som, para que as vuvuzelas não se sobressaiam à voz dos narradores do jogo – então quem está em casa não tem com o que se preocupar. Mas, para quem vai ao estádio, o aconselhado é levar pedaços de algodão para colocar no ouvido. [New Scientist]