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Coração das cobras dá dicas de combate a doenças cardíacas

Você já deve ter ouvido falar das espécies de cobra píton, que habitam selvas da África e da Ásia e são algo como um equivalente à nossa jiboia, para eles. Não venenosas, elas engolem presas bem maiores que a própria boca. Quando fazem uma refeição, seus órgãos dobram de tamanho, incluindo o coração. Como isso pode acontecer sem causar danos?

Cientistas da Universidade do Colorado (EUA) investigaram essa questão. Eles explicam que a diferença está na interação entre o coração e o sangue dos répteis. Quando uma píton termina uma refeição, seu sangue tem níveis tão altos de triglicerídeos que fica com uma textura semelhante à do leite. Em humanos, esse colesterol se depositaria direto no músculo do coração, proporcionando um ataque cardíaco instantâneo.

Entre as cobras, isso não é problema. O organismo delas tem um mecanismo para queimar gorduras de maneira muito mais eficiente que o nosso. E quando os órgãos dobram de tamanho, não há nenhum dano para elas. O motivo para isso acontecer, no entanto, nunca foi muito bem explicado.

O coração das cobras guarda seus segredos

Para obter respostas, os pesquisadores mantiveram um grupo de cobras píton em cativeiro. Em primeiro lugar, fizeram todas jejuarem por 28 dias (o que não é nenhum grande sacrifício, já que conseguem sobreviver sem comida por mais de um ano, na selva), sob análise. Depois desse tempo, alimentaram algumas com ratos que pesavam um quarto da massa total da cobra, e mantiveram outras sem comer.

A partir desse ponto, começaram as comparações entre os grupos. Descobriu-se que havia mudanças no plasma sanguíneo (o líquido que forma o sangue) entre aquelas que se alimentavam, e as células sanguíneas aumentavam de tamanho naquele ambiente.

Sem saber como isso funcionava, uma das cientistas teve a ideia de injetar esse plasma sanguíneo no coração de mamíferos (no caso, outros ratos), para ver se as células cardíacas reagiriam da mesma forma. E deu certo: com plasma sanguíneo das cobras no coração, as células do rato também puderam crescer normalmente.

O motivo pelo qual isso era possível foi logo descoberto: um grupo de ácidos graxos (gorduras) é ativado nessa situação, liberando enzimas que protegem o coração de sofrer danos após se expandir. Quando essa enzima, a partir dos testes, entrou em ação no organismo dos ratos, mais um sucesso: o coração deles cresceu normalmente sem nenhum dano aparente.

O próximo passo, de acordo com os cientistas, é verificar se ratos com doenças cardíacas podem ser tratados a partir de remédios à base desta substância. Infelizmente, como explicam os pesquisadores, nada garante que um remédio desses poderia funcionar em humanos só porque dá certo com ratos. Mas eles afirmam que se trata de um grande passo na compreensão de doenças cardíacas, de qualquer maneira. [LiveScience]

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