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Crítica: Mulheres turcas devem “ficar em casa” se não quiserem ser assediadas

A Turquia está com um problema grave. Uma representante do Centro das Mulheres disse às autoridades que o elevado desemprego em cidades turcas está resultando em homens lotando casas de chá (fortes na cultura local) e assediando verbalmente mulheres que passam por perto.

Mais grave que isso, só a resposta de um prefeito turco de 71 anos, o grandíssimo Necmittin Dede: “Não andem por aí, fiquem sentadas em suas casas”.

Realmente, é uma solução simples. Se as mulheres ficarem trancadas dentro de suas casas não serão incomodadas e, mais importante, as autoridades não terão que ouvi-las reclamar sobre isso. Soa como um plano perfeitamente razoável, não?

Talvez os homens nunca deveriam ter deixado as mulheres sairem de casa. Elas gostam de limpar e fazer outras coisas dentro de casa, então pra quê sair? Também, os homens não terão que sofrer com a tarefa dificílima de ver uma mulher e não molestá-la sexualmente.

Alguém avisa a Turquia que estamos no século 21, e principalmente ao senhor Dede que isso não era legal nem nos séculos passados?

As representantes turcas, do centro conhecido como KAMER, disseram que tiveram algum sucesso com a polícia local, mas as instituições públicas, como a liderada pelo prefeito, estão indiferentes à sua causa.

Não é permitido treinar mulheres em escolas, então as representantes as informam de seus direitos por visitas. Elas realizaram inquéritos em 700 domicílios até agora, que mostram que a taxa de violência doméstica em sua cidade é de cerca de 70%.

Nessa hora, o grande plano do prefeito Necmittin Dede vem a mente: trancá-las em casa. Para quê? Para apanhar? Com certeza ninguém desconfiava de tanta violência doméstica em uma cidade onde o prefeito é tão carinhoso e compassivo com as mulheres.

Existir, existe um lugar onde as mulheres podem ir se quiserem fugir da violência. É um abrigo para mulheres, porém com uma grande placa na frente, o que não parece muito desviar “potenciais agressores”.

A polícia local tem feito algum esforço para combater a violência doméstica, liberando relatórios sobre casos ocorridos e colocando cartazes de sensibilização a questão das mulheres.

Mas a maior parte do trabalho está sendo feito pelas pessoas do KAMER, oficialmente fundado em 1997. No momento, o grupo está tentando expandir suas atividades para mais distritos, vilas e áreas remotas.

O KAMER defende e amplia ajuda às vítimas que sofrem ataque, prisão, tortura e até a morte na Turquia. Também tem como objetivo apresentar uma análise sobre as pessoas condenadas por espancar, esfaquear ou estuprar mulheres.[Jezebel]

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