Segundo um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), o mundo deve consumir três vezes mais recursos naturais do que as taxas atuais a partir de meados do século.
O crescimento populacional e a prosperidade são os principais culpados. Até 2050, a humanidade provavelmente gastará cerca de 140 bilhões de toneladas de combustíveis fósseis, minerais e minérios anualmente.
Segundo a ONU, o que levaria ao aumento da demanda por recursos é uma realidade nova; hoje, existem mais um bilhão de consumidores de classe média como resultado da rápida industrialização dos países em desenvolvimento.
Se os recursos necessários para gerar esses bens e serviços forem utilizados de forma tão eficiente como atualmente, então enfrentaremos o enorme crescimento de 140 bilhões de toneladas.
O crescimento populacional também desempenhou um papel no aumento. Por exemplo, ao adicionar um indiano para a população global, isso é igual à adição de até quatro toneladas de consumo de recursos por ano. Ao adicionar um canadense médio, se está adicionando mais 25 toneladas. As populações do mundo desenvolvido estão estáveis, e algumas até mesmo caindo, então o desafio real são os países em desenvolvimento.
A projeção é baseada em dados sobre quatro recursos essenciais: minerais, minérios, combustíveis fósseis e biomassa.
A média global anual do consumo per capita em 2000 era de 8 a 10 toneladas, cerca de duas vezes mais do que em 1900.
A combinação de crescimento populacional, persistência de elevados níveis de consumo nos países industrializados, e aumento da demanda por bens materiais – particularmente em países como China, Índia e Brasil – fez com que o uso total de recursos crescesse oito vezes no século 20.
Segundo a ONU, a dissociação do crescimento econômico e consumo de recursos é importante. E, apesar de ela estar ocorrendo, não está ocorrendo rápido o suficiente.
Os autores do relatório descrevem a China como um caso de teste, porque quer continuar seu rápido crescimento econômico, mas usar os recursos de forma mais sustentável. As medidas que a China apresentou para conciliar esses objetivos serão de importância crucial para todos os outros países em desenvolvimento com intenções políticas semelhantes.
Que o meio ambiente vai sofrer com as ações humanas, já é fato bem conhecido; no entanto, a ONU lembra as pessoas de que elas não podem continuar a agir como se isso fosse inevitável.
Desde 2000, os preços dos recursos já começaram a subir e há um consenso entre os economistas que não é uma anormalidade, mas provavelmente o início de uma tendência de longo prazo. Porém, o aumento dos preços dos recursos é tão novo que ainda não se configurou na mentalidade das pessoas, quando se trata de economia.
O relatório sugere que os responsáveis políticos garantam que as nações em desenvolvimento reconsiderem suas estratégias de desenvolvimento, especialmente infraestrutura para energia, transporte, água e saneamento. Como projetar e construir infraestruturas terá um grande impacto sobre o fluxo de recursos.
A ONU prevê três cenários, sendo que no mais otimista deles o consumo anual per capita de consumo retornaria aos níveis de 2000, com 50 bilhões de toneladas sendo consumidas a cada ano.
Mas os autores reconhecem que as medidas necessárias para esse cenário seriam tão restritivas e pouco atraentes para os políticos que é quase impossível que isso ocorra. Pior: mesmo esse cenário ainda é muito pouco para alguns cientistas, que sentem que ele não iria reduzir o consumo e as emissões associadas a níveis sustentáveis.
No geral, o crescimento global populacional contínuo e o aumento do consumo contínuo é impossível a longo prazo e devastador a curto prazo para o meio ambiente. Os seres humanos têm que melhorar a produtividade dos recursos e mudar para níveis de consumo mais justos.
A contribuição mais fácil e barata para a sustentabilidade é promover a tendência existente de famílias menores; proporcionar acesso universal ao planejamento familiar para que as pessoas limitem o número de filhos que têm.
O melhor uso dos recursos também não é um desafio tão enorme assim. Segundo um relatório recente, só na Inglaterra, as empresas poderiam economizar cerca de 48 bilhões de reais utilizando matérias-primas de forma mais eficiente e gerando menos resíduos.
Tornar-se mais eficiente em recursos é bom para a própria empresa, pois aumenta sua rentabilidade e sua capacidade de crescer. Além de melhorar a competitividade, as empresas poderiam reduzir as emissões de carbono em 29 milhões de toneladas por ano; todo mundo ganha: tanto os negócios quanto o meio ambiente.[BBC]