Uma descoberta inovadora foi relatada recentemente no periódico Scientific Reports, envolvendo um fóssil único que apresenta uma cena extraordinária do passado distante. O fóssil captura uma luta de vida ou morte entre duas criaturas distintas, que posteriormente foram engolfadas em um evento vulcânico. O fóssil revela uma espécie de mamífero menor, conhecida como Repenomamus robustus, envolvida em um ataque a uma espécie de dinossauro herbívoro muito maior, Psittacosaurus lujiatunensis.
Pesquisas anteriores de 2005 haviam mostrado que o Repenomamus se alimentava de espécimes de Psittacosaurus muito jovens e menores. No entanto, essa última descoberta marca a primeira evidência de um mamífero do Cretáceo atacando um dinossauro maior, fornecendo informações valiosas sobre a dinâmica predador-presa durante esse período.
O Psittacosaurus, um dinossauro ceratopsiano bípede, era um animal de grupo e é comumente encontrado no Membro Lujiatun da Formação Yixian do Cretáceo Inferior na China. O Psittacosaurus específico no fóssil foi estimado em cerca de 6,5 a 10 anos de idade quando pereceu.
O Repenomamus robustus, por outro lado, era um mamífero primitivo com tamanho semelhante ao de um gambá da Virgínia. O fóssil o mostra agarrando a mandíbula inferior deslocada do dinossauro com a pata esquerda, e suas patas traseiras estão entrelaçadas. Com base em seus ossos longos fundidos, os pesquisadores concluíram que o mamífero era quase adulto no momento de sua morte. Apesar de seu tamanho relativamente pequeno, o mamífero pesava apenas cerca de 1,42 a 3,43 kg, enquanto sua presa, o Psittacosaurus, pesava entre 6 e 10,6 kg.
O notável fóssil foi encontrado no Membro Lujiatun da Formação Yixian do Cretáceo Inferior na China, uma área conhecida como “Pompéia Chinesa” devido à abundância de fósseis de flora e fauna exquisitamente preservados causados por atividade vulcânica.
Os pesquisadores propõem que tanto o dinossauro quanto o mamífero foram rapidamente cobertos por um lahar, um fluxo de detritos vulcânicos que ocorre após uma erupção. Tais fluxos de detritos podem rapidamente enterrar animais, e evidências de outros fósseis sugerem que os animais nesta região não foram alertados pelo fluxo de lama que se aproximava.
Embora os céticos inicialmente questionassem a autenticidade do fóssil devido a casos anteriores de falsificação em paleontologia, os pesquisadores abordaram essas preocupações fornecendo evidências adicionais e confirmando a integridade do fóssil. A paleontóloga vertebrada Fion Waisum Ma elogiou os esforços dos autores em verificar a autenticidade do fóssil, já que fósseis não escavados diretamente por profissionais podem apresentar riscos de falsificação.
A descoberta desafia as crenças anteriormente mantidas sobre as interações entre dinossauros e mamíferos durante a Era Mesozoica. Tradicionalmente, acreditava-se que os dinossauros se alimentavam de mamíferos, mas esse fóssil revela que mamíferos menores também eram capazes de se alimentar de dinossauros maiores, destacando a complexidade dos ecossistemas antigos e as relações intrincadas entre espécies extintas.
Em conclusão, esse fóssil notável apresenta um instantâneo raro e inestimável da vida pré-histórica, lançando luz sobre as interações entre diferentes espécies e fornecendo um vislumbre único da cadeia alimentar dos ecossistemas antigos, bem como da maneira brutal como a luta pela sobrevivência sempre foi inerente entre os seres vivos. [ArsTechnica]