Você já deve ter ouvido cobras e lagartos das piranhas – “a personificação da ferocidade do mal”, segundo o ex-presidente estadunidense Theodore Roosevelt. Conhecidas pelo temperamento assassino, as piranhas na realidade não são tão sanguinárias assim. Se você tem medo de estar vagando pela Floresta Amazônica e de repente ser atacado por um grupo desses temidos peixes, relaxe: elas raramente atacam seres humanos.
O primeiro ponto é que elas são carnívoras, sim, mas sua dieta é composta por basicamente invertebrados como insetos e moluscos.
Apesar de seus poderosos dentes afiados, semelhantes aos de vampiros, as piranhas os utilizam comumente para arrancar pedaços de animais menores e mais indefesas do que nós, humanos. Seus dentes, aliás, são substituídos ao decorrer da vida, cada lado da boca sendo atualizado de cada vez. Desta forma, há sempre um lado novinho em folha para abocanhar suas presas. Elas ainda possuem a característica de se esconderem em plantas subaquáticas ou rochas para atacarem de surpresa animais desavisados.
Piranhas são atraídas por barulho, especialmente o ruído característico de algo caindo na água. Talvez daí venha o imaginário coletivo de um animal grande mergulhando no rio, seguido pelo ataque de um bando de piranhas, que o devoram em dois tempos. Pois piranhas não apenas não costumam comer vacas vivas inteiras, como também raramente atacam em grupo. Esse tipo de ataque só ocorre como mecanismo de defesa da espécie, ou seja, quando os indivíduos sentem que um deles está em perigo.
Há duas situações, porém, em que se deve ter muito cuidado com as temidas piranhas: a primeira delas é quando a vida de seus filhotes está em jogo. Nesses momentos, os pais não hesitam em morder qualquer animal que se aproxime do lugar em que se encontram seus filhotes, não importando o tamanho. Normalmente, as piranhas têm um comportamento semelhante ao dos lobos: eles respeitam os seres humanos, até sentem medo de nós, e só partem para o ataque quando a oferta de alimentos se torna muito escassa. Esse é o outro momento em que tentar acariciar um desses peixinhos não é uma boa. Como lembra o ambientalista florestal Michael Goulding, em seu livro “Os Peixes e as Florestas”, “qualquer animal ou pessoa que adentrar as águas deve ser devorado sem piedade em pouco tempo”.
Por isso, da próxima vez que você for dar um mergulho das águas do Rio Amazonas e avistar um cardume de piranha, não entre em pânico (até porque, lembre-se, elas são atraídas pelo barulho de pessoas desesperadas se debatendo). Se o nível da água não estiver muito baixo – o que denotaria período de seca e, portanto, mais dificuldade para as piranhas acharem comida – então, pode ficar mais tranqüilo ainda. Só cuidado para não mexer com os filhotes delas. Porque daí… um abraço. [New Scientist]