O engenheiro aeroespacial britânico Roger Shawyer ficou conhecido em 2014 quando anunciou o EmDrive, um motor que teoricamente não pode funcionar, já que é não-newtoniano (não segue a lei da ação e reação), funciona sem combustível e tem propulsão sem gerar emissões de qualquer tipo.
Para funcionar, este motor utiliza um feixe de micro-ondas em uma cavidade de metal em formato de cone ressonante que geraria pressão de radiação nas paredes em quantidades diferentes, e isso faria com que a parede – e com ela todo o motor – fosse empurrada para frente.
A NASA testou este motor e os resultados do estudo realizado em 2015 vazaram, revelando que o sistema realmente funciona. Ele gera propulsão no vácuo.
O que mais intriga os pesquisadores é que teoricamente, no papel, este motor não deveria funcionar, mas quando colocado em prática, ele funciona. Melhor ainda, ele demonstrou uma propulsão mais poderosa do que havia sido pensado anteriormente, de 1,2 milinewtons por quilowatt no vácuo. O sistema de propulsão a laser da NASA, por exemplo, gera apenas 6,67 micronewtons por quilowatt.
O trabalho aconteceu no Johnson Space Centre, em Houston, Texas, usando um pendulo de baixa propulsão. Os testes foram feitos com 40, 60 e 80 watts. “O teste incluiu um impulso nulo para identificar qualquer fonte de impulso mundana, mas nenhuma foi identificada”, diz o documento.
Os pesquisadores, porém, sabem que outros estudos devem ser feitos para eliminar a possibilidade de que a expansão térmica possa estar influenciando os resultados. Eles também deixaram bem claro no relatório que não houve tentativa de tornar o motor mais poderoso, e sim ver se ele funcionava. Outros trabalhos devem tentar melhorar a eficiência do sistema no futuro.
Por enquanto, os resultados ainda não foram publicados em uma revista científica e não passaram por revisão da comunidade científica. Rumores entre cientistas dizem que a publicação deve acontecer nos próximos meses, na Journal of Propulsion and Power.
O motor deve ser testado no espaço em breve, já que um exemplar foi enviado ao espaço no último mês de setembro. Se funcionar, este sistema tem o potencial de remover grandes barreiras da exploração espacial, permitindo a viagem a Marte em apenas 70 dias, por exemplo. [Science Alert]