A pele deste menino de 7 anos foi modificada geneticamente

Por , em 10.11.2017

Cientistas reconstituíram 80% da pele de um menino de 7 anos que sofre com uma rara doença genética que faz com que a pele seja muito frágil em todo o corpo, enrolando dolorosamente ao menor contato. A doença, chamada epidermólise bolhosa juncional (JEB), não tem cura conhecida, mas a solução desenvolvida pelos cientistas, através do uso de células de pele geneticamente modificadas, poderia potencialmente transformar a vida de milhares de pessoas que sofrem com a condição.

A técnica envolve anexar enxertos de pele geneticamente modificados à derme, o tecido logo abaixo da epiderme. O mesmo método foi usado anteriormente em dois pacientes com lesões cutâneas da epidermólise bolhosa, mas, nesses casos, apenas pequenos remendos da pele foram reconstruídos.

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Michele De Luca, líder da equipe e pesquisadora de células-tronco da Universidade de Modena e Reggio Emilia, na Itália, diz que a técnica pode gerar “regeneração vitalícia de praticamente toda a epiderme”.

O paciente em questão era um refugiado sírio de sete anos que foi internado em uma unidade de queimaduras hospitalares na Alemanha em junho de 2015 com bolhas e lesões graves que o fizeram perder 80% da pele que cobria seu corpo. Com todas as terapias corretivas falhando, seus pais concordaram com o que poderia ter sido a única chance de salvar a vida de seu filho: reconstruir sua epiderme perdida pedaço a pedaço.

Os pesquisadores pegaram células da pele de uma área sem bolhas do corpo do menino e usaram-nas para criar culturas de proteínas que foram geneticamente modificadas para serem livres da mutação responsável pela condição do menino – neste caso, uma variante de um gene chamado LAMB3. A equipe cultivou essas proteínas em uma série de enxertos epidérmicos transgênicos, que ao longo de três operações substituíram a pele perdida do menino por uma nova epiderme saudável.

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Nos exames de acompanhamento 21 meses após a cirurgia final, o paciente pareceu ter se recuperado completamente, com sua nova pele saudável e sem bolhas, demonstrando uma resistência ao estresse que não é observada em pacientes com JEB.

O paciente teve alta em fevereiro de 2016. “Sua epiderme é atualmente estável e robusta, e não forma bolhas, coça ou requer unguentos ou medicamentos”, garantem os pesquisadores.

Apesar do tratamento ter sido um sucesso, a equipe afirma que tais tratamentos extensivos normalmente não são necessários, mesmo que agora sejam cientificamente possíveis. “Pode-se argumentar que o quadro clínico do paciente, com perda epidérmica maciça, condições críticas, prognóstico negativo a curto prazo, era incomum e nossa cirurgia agressiva, obrigatória para este paciente, seria impensável para o curso clínico da maioria dos pacientes com epidermólise bolhosa”, explicam.

“No entanto, a substituição progressiva da epiderme doente pode ser alcançada em múltiplas intervenções cirúrgicas menos invasivas em áreas de corpo mais limitadas”.

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Os pesquisadores irão acompanhar o paciente para garantir que a pele do menino permaneça saudável à medida que ele envelhece. De qualquer forma, com cerca de 500 mil pessoas vítimas de alguma forma da epidermólise bolhosa em todo mundo, esta é uma notícia bastante promissora. [Science Alert]

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