A ciência é cheia de descobertas acidentais. E mais uma delas veio, dessa vez uma boa notícia: pesquisadores concluíram, sem querer, que uma droga usada para tratar um tipo de câncer rapidamente inverteu o mal de Alzheimer em ratos.
No estudo, os cientistas deram aos ratos megadoses de bexaroteno, uma droga usada para tratar um tipo de câncer de pele chamado de linfoma cutâneo de células T.
Dentro de 72 horas, os ratos mostraram melhorias dramáticas em memória. Além disso, mais de 50% de placas amiloides – uma característica do mal de Alzheimer – tinham sido removidas do cérebro.
Gary Landreth, pesquisador-chefe do estudo, advertiu que, apesar dos resultados serem impressionantes em ratos, podem não funcionar em pessoas. “Precisamos avançar rapidamente, mas com cautela”, disse.
A pesquisa
Ratos – e seres humanos – com Alzheimer têm níveis elevados de uma substância chamada beta-amilóide no cérebro. Testes de patologia nos ratos mostram que o bexaroteno baixa os níveis de beta-amilóide e eleva os níveis de apolipoproteína E no cérebro, o que ajuda a manter os níveis de beta-amilóides baixos.
Os cientistas testaram a memória dos animais com a doença, tanto antes quanto depois da droga. Por exemplo, os ratos com
Alzheimer caminhavam direto para uma gaiola onde eles tinham anteriormente levado um choque doloroso, mas após o tratamento com bexaroteno, os ratos se lembraram do choque e se recusaram a entrar na gaiola.
Em outro teste, os cientistas colocaram papel de seda em uma gaiola. Ratos normais instintivamente usam o papel em sua gaiola para fazer um ninho, mas os ratos com Alzheimer não conseguem descobrir o que fazer com a seda. Após o tratamento com a droga, os ratinhos com Alzheimer fizeram um ninho com o papel.
Uma das grandes vantagens do bexaroteno é que ele já é aprovado para uso em humanos, o que significa que os pesquisadores podem mover para testes em humanos mais cedo do que se fosse uma droga completamente nova.
Landreth espera poder experimentar a droga em humanos saudáveis dentro de dois meses, para ver se tem o mesmo efeito. Os participantes do estudo receberiam a dose padrão que pacientes com câncer geralmente recebem. Como a droga tem alguns efeitos colaterais – pode aumentar o colesterol, por exemplo -, o cientista pretende usá-la em níveis ainda mais baixos conforme o estudo se desenrola.[CNN]