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É possível estar acidentalmente correto?

Imagine a situação: o dono de uma fazenda percebe que uma de suas vacas desapareceu e vai procurá-la no campo vizinho. Antes que ele saia de sua propriedade, encontra o carteiro, que acaba de vir do outro campo, e pergunta se ele viu o animal desaparecido. O carteiro diz que sim, mas o fazendeiro quer ter certeza, e sai para ver.

De longe, ele percebe manchas brancas e pretas, em um padrão parecido com o da vaca, fica aliviado e pensa em um jeito de buscar o animal. O carteiro achou estranho, pois a vaca não estava no local para onde o fazendeiro olhou, e sim escondida entre algumas árvores no campo vizinho. O que o fazendeiro viu, na verdade, foi uma grande placa branca manchada de tinta preta. No fim das contas, ele estava errado… e certo, ao mesmo tempo.

A história acima foi imaginada pelo filósofo estadunidense Edmund Gettier, que se tornou conhecido pelo seu ensaio “Uma crença verdadeira justificada é conhecimento?”, no qual conclui que o conhecimento verdadeiro deve vir de evidências reais, e não de uma correspondência acidental com a realidade.

O fazendeiro não poderia, nesse caso, dizer que “sabia” que a vaca estava no campo vizinho, pois a evidência que deu base a essa opinião era falsa.

Naturalmente, há pensadores que discordam da definição dada por Gettier – e o debate sobre o que é “conhecimento” permanece. O que você acha, leitor: é possível estar acidentalmente errado? [io9]

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