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Elefantes “assassinos” da Índia: por que eles atacaram?

Quatro elefantes descontrolados destruíram as ruas da cidade indiana de Mysore, no dia 8 de junho, e acabaram matando um homem. De acordo com notícias locais, eles se separaram de seu rebanho após moradores terem atirado pedras contra eles.

Um desses elefantes escapou para as ruas da cidade, onde pisoteou um homem, além de matar várias vacas. Esse é considerado um comportamento muito incomum já que elefantes costumam ser dóceis. O que pode ter acontecido?

De acordo com Mike Keele, que cuida de elefantes no jardim zoológico de Oregon, EUA, os elefantes eram jovens do sexo masculino que tinham sido separados de seu bando. “Jovens machos às vezes formam esses grupos que são como pequenas gangues”, compara.

Keele, porém, acrescenta que os seres humanos também possuem uma parcela de culpa nessa história. Como os elefantes são pressionados pelos seres humanos a viver em espaços cada vez menores, muitas vezes eles acabam invadindo lugares habitados por humanos apenas para sobreviver – à procura de comida e água.

Se os habitantes de uma vila perseguiram mesmo os animais em seu habitat, os elefantes podem muito bem ter ficado com medo e saído em desespero pelas ruas de uma cidade. “Numa situação em que um elefante está agitado e com medo, qualquer coisa que se mova representa uma ameaça”, explica Keele.

Outros especialistas veem o conflito homem-elefante como algo mais profundo. “Incidentes como esse mostram a extensão em que os elefantes estão sendo levados à loucura pela violência humana”, defende Gay Bradshaw, especialista em comportamento de elefantes.

Bradshaw diz que os elefantes estão simplesmente reagindo aos ataques feitos por humanos, da mesma forma que nós mesmo reagiríamos em situações extremas de cerco ou genocídio.

Parte do conflito é simplesmente por causa de espaço. Na Ásia, há entre 35 e 50 mil elefantes. A população humana ultrapassa bem a barreira de um bilhão de pessoas. Em comparação, por mais que a África possua um número significativamente maior de elefantes (600 mil), a população humana é infinitamente inferior à da Ásia.

Os elefantes precisam de um grande espaço para viver, com muita vegetação e água abundante. Quando áreas com essas características são ocupadas por plantações humanas, os elefantes ficam felizes em incluir em sua dieta milho ou outros alimentos plantados para o consumo de pessoas.

E é aí que mora o perigo: às vezes os animais se tornam mais do que felizes com as comidas descobertas a ponto de invadir aldeias e destruir barracos ou casas ao sentir o cheiro desses alimentos.

O pesquisador Marshall Jones analisou o número de mortes de humanos e de elefantes nas zonas de conflito. Ele estima que na Índia até 300 pessoas morram por ano, contra cerca de 200 animais.

Segundo especialistas, a harmonia depende dos humanos. Uma ideia, de acordo com Keele, é colocar cercas ao redor das aldeias humanas, em vez de confinar a área dos elefantes: conter as pessoas, e não os animais.[MSN]

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