Arqueólogos descobriram recentemente o que é provavelmente a tumba de uma das maiores governantes maias, a rainha guerreira Lady K’abel.
A descoberta do túmulo foi acidental, feita durante a escavação na antiga cidade maia de El Perú-Waka’, que fica em uma floresta tropical no norte da Guatemala. Os restos mortais estavam em um local considerado sagrado para os maias antigos, dentro do templo mais importante da antiga cidade, agora um sítio arqueológico.
“Nada pode ser definitivamente provado em arqueologia, porque trabalhamos com provas circunstanciais. Mas essa descoberta possui evidências bastante convincentes”, explica David Freidel, arqueólogo da Universidade de Washington em St. Louis (EUA).
Porque o túmulo deve ser de K’abel
K’abel é uma figura histórica notável da civilização maia. Segundo os arqueólogos, a descoberta de seu túmulo é muito importante porque é apoiada por registros históricos.
“A civilização maia clássica é o único campo arqueológico ‘clássico’ no Novo Mundo, no sentido de que, como a arqueologia no Egito Antigo, Grécia, Mesopotâmia ou na China, é baseada tanto em registros materiais arqueológicos quanto em registros históricos baseados em textos e imagens”, disse Freidel.
Na câmara funerária, ao lado do corpo, os escavadores encontraram uma espécie de vaso branco em forma de concha, com a cabeça e o braço de uma mulher esculpidos na abertura, e quatro hieróglifos que sugerem que o artefato pertencia a K’abel (a inscrição leva o nome da rainha). Um tesouro em joias também foi encontrado na tumba.
Outros vasos de cerâmica e esculturas em estelas (termo que designa objetos em pedra individuais, como monolíticos, nas quais eram feitas esculturas em relevo ou textos) também indicam que o túmulo pertence à K’abel.
Por último, uma concha de ostra vermelha encontrada na parte inferior do tronco dos restos mortais também sugere que a tumba é da rainha. “Rainhas do período clássico tardio em Waka’, incluindo K’abel, usavam regularmente um ornamento desse tipo em retratos feitos em estelas. Reis não”, disseram os arqueólogos.
Um exame dos restos mortais indicou que a pessoa enterrada era um “indivíduo maduro” (adulto), mas os ossos estavam muito deteriorados para os cientistas determinarem se pertenciam a um homem ou mulher.
Guerreira Suprema
K’abel foi uma das maiores governantes do período maia clássico tardio, no século 7. Parte de uma família real, ela governou a civilização com seu marido, K’inich Bahlam II, rei de Wak, por pelo menos 20 anos (672-692 dC).
Ela também foi governadora militar do reino Wak, e carregava o título de Kaloomte’, que se traduz em “Guerreira Suprema” e indica que ela tinha maior autoridade do que seu marido, o rei.
A antiga rainha maia já foi retrata em uma estela ao lado de seu marido, a Stela 34 (foto abaixo), um monumento maia de 692 aC, atualmente em exibição no museu de Cleveland (EUA). Ela também foi representada em objetos encontrados em El Perú-Waka’ em 2006. [LiveScience, io9, Terra]