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Encontradas primeiras evidências de vida em lago isolado a 20 milhões de anos

Uma equipe internacional de cientistas confirmou, na última segunda-feira (28), ter atingido o lago subglacial Whillans, localizado sob uma camada de quase 800 metros de gelo na Antártida, e retirado água de seu interior. Na análise da água em laboratório, foram descobertas pequenas células, o que indica que é possível que o lago abrigue vida.

O lago Whillans fica na região oeste do continente gelado. Desde 2011, o Projeto Wissard (sigla em inglês para “pesquisa de perfuração para acesso à corrente subglacial do Whillans”) tem trabalhado no local, e os resultados começaram a aparecer.

A confirmação de que há realmente uma nova forma de vida no lago ainda vai precisar de algum tempo. Os cientistas retiraram da água células “paradas”, descobertas graças a um “pigmento” sensível a DNA, que as fez brilharem em um tom verde. É preciso agora verificar se elas crescem, já que células mortas podem aparecer quando se aplica o tal pigmento, o que faria da descoberta um alarme falso.

Conclusões apressadas

A possibilidade de ser um alarme falso é possível, infelizmente. No dia 6 de fevereiro de 2012, cientistas russos conseguiram finalmente alcançar o lago Vostok, que estava enterrado sob 4 km de gelo na Antártida. A façanha acendeu as esperanças dos cientistas de encontrar formas de vida novas e desconhecidas, já que o local esteve isolado de todo o ecossistema da Terra por 14 milhões de anos.

Logo no ano passado, eles chegaram a anunciar a descoberta de dois novos tipos de bactéria. Mas um exame de DNA detectou que tais organismos vivem em querosene, que é usado nas brocas que perfuraram o gelo até chegarem ao lago. Esta questão, aliás, levantou críticas de cientistas internacionais aos pesquisadores russos, que são acusados de terem contaminado o lago com querosene por não quererem esperar tecnologias mais avançadas de perfuração de gelo, como a broca à água quente (no caso do lago Whillans, foi utilizado apenas água quente, o que elimina o risco de haver essa mesma decepção).

Como pode haver vida lá?

O que dá mais esperanças aos pesquisadores é o fato de haver uma fonte permanente de oxigênio abastecendo o lago. Alguns centímetros abaixo da camada de gelo que está sobre ele, há uma fina camada de água sendo derretida sem interrupção, e o oxigênio resultante poderia suprir a necessidade dos microrganismos no Whillans.

As bactérias no interior do lago poderiam sobreviver à base de minerais que, segundo os sensores que os pesquisadores instalaram, são abundantes tanto na camada de gelo sob a superfície quanto na própria água. Os principais são ferro e enxofre, mas os cientistas apontam que as bactérias podem também processar sedimentos de cálcio, potássio e sódio, entre outros.

O problema maior da pesquisa, como os cientistas reconhecem, é mesmo o tempo indeterminado para que se possa chegar a uma conclusão. O que há por enquanto são indícios – não se sabe quando, ou mesmo se surgirá uma evidência definitiva de que formas desconhecidas de vida habitam estes remotos lagos subglaciais. [Discover / BBC / Wissard]

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