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Energia nuclear: é possível construir uma usina a prova de desastres?

Foram necessários muitos anos para acabar com a preocupação mundial sobre as usinas nucleares causada pelo acidente de Chernobyl de 1986. Desde então, os reatores ficaram mais seguros. Contudo, o terremoto no Japão, seguido de outro desastre nuclear, reacendeu velhas polêmicas.

Apesar dos reatores japoneses terem sido o mais modernos e seguros quando foram construídos, a situação por lá tem ficado pior. A boa notícia é que já existem plantas nucleares em terra que são significantemente menos suscetíveis a acidentes. Muitos estudos voltados à pesquisa e desenvolvimento de plantas nucleares são focados em segurança. Por isso, talvez não seja o caso de desistir completamente da energia nuclear.

Os reatores nucleares em operação mais avançados, chamados de “a terceira geração”, começaram a surgir no Japão em 1996 e foram projetados para aguentar um arsenal de agressões naturais ou ocasionadas pelo homem. Infelizmente, eles foram instalados uma década depois do último reator instalado em Fukushima.

Quando estas estruturas nucleares mais modernas recebem um impacto direto, sua estrutura ganha. Eles também são bem mais resistentes a terremotos e tem sistemas que deixam menores as chances de acontecerem problemas operacionais como aqueles que estão acabando com as instalações da Tokyo Eletric Power Company. A segurança nos modelos mais novos é passiva: os sistemas instalados foram projetados para conter calamidades; elas se apóiam em mecanismos de convecção, na gravidade e na resistência a altas temperaturas em casos de emergência, e não em fatores que podem falhar como energia elétrica.

Muitos dos problemas que o Japão está enfrentando em seus reatores com problemas já foram resolvidos. Na verdade, só existem quatro reatores da “terceira geração” em funcionamento no mundo e eles estão todos na terra do sol nascente. Taiwan está trabalhando para fazer o mesmo upgrade em seus reatores, chamados de advanced boiling water reactors (ABWR), e os EUA licenciaram o design, mas os ABWR não podem ser mais considerados tecnologia de ponta. O Japão instalou os dele no final dos anos 1990.

A China investiu, recentemente, no reator AP1000, que é considerado uma geração além da “terceira”. Se uma de suas torres de resfriamento quebra, o próprio reator toma conta do problema sem precisar de intervenção do operador ou de bombas. Se a temperatura ficar muito alta, a gravidade cuida de fazer água cair de um tanque resfriado que fica acima do reator.

Existem outros exemplos como o Kerena, da Alemanha. Ele tem um sistema central que lacra o combustível nuclear para impedir vazamentos. No Canadá, o ACR está esperando por certificação, e tem dois sistemas de paralisação. A tendência é que plantas mais seguras surjam em velocidade maior nesta década.

O futuro da energia nuclear

Ao mesmo tempo, empresas e governos estão trocando idéias pelo mundo todo pensando no futuro.

Enquanto os reatores da terceira geração tentam dar uma “incrementada” em seu funcionamento, a “quarta geração” verá uma troca total de projetos. O urânio será substituído por urânio exaurido e o sódio ou hélio poderão ser usados no lugar da água para resfriamento.

Novas tecnologias levam tempo para serem implementadas. Existe, como se pode imaginar, um monte de exigências regulatórias bem severas e que, com os últimos acontecimentos, devem ficar ainda mais rigorosas.

Os quarto reatores de Fukushima foram construídos em 1982, 1984, 1985 e 1987. Eles podem ser considerados da “segunda geração”, foram instalados diretamente em um leito rochoso, o que os faz um pouco mais resistentes a terremotos, o formato é quadrado, forma que também ajuda a resistir a este tipo de desastre. O acidente que aconteceu em Fukushima não teria acontecido nos reatores da terceira geração. A triste situação pelo menos serviu para mostrar que eles não dão conta do cenário atual e a mudança para reatores mais modernos deve ser acelerada. [Gizmodo]

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