Ícone do site HypeScience

O enterro mais humilhante que alguém pode receber

Enterrar os mortos com o rosto voltado para baixo antigamente significava qualquer coisa menos “descanse em paz”, de acordo com uma nova pesquisa, que afirma que a prática era proposital e muito comum. Acreditava-se que até então que enterros do tipo eram excepcionais e acidentais.

O primeiro estudo global sobre a prática sugere que o enterro deste tipo era um costume amplamente difundido, que tinha como intenção desrespeitar ou humilhar os mortos. Caroline Arcini, autora do estudo, detectou uma linha comum entre os enterros que ela estudou: “As sociedades aprovavam este tratamento aparentemente negativo dos mortos”, diz. De acordo com Arcini, os estranhos enterros parecem significar que os atos dos mortos não eram aceitáveis, e que envergonhar os mortos era “provavelmente um comportamento enraizado da humanidade”.

Status social

Arcini pesquisou bibliografias já existentes para fazer o primeiro catálogo de enterros de bruços pelo mundo inteiro. A pesquisadora encontrou registros de mais de 600 corpos em 215 covas, desde o Peru até a Coreia do Sul. Datando de 26 mil anos atrás até a Primeira Guerra Mundial, esses enterros incluem homens, mulheres e crianças, mas sua maioria são homens.

Os enterros de bruços eram feitos em todos os tipos de covas, desde covas para uma pessoa até as coletivas. Nos lugares onde vários enterros do tipo eram feitos, os mortos eram sepultados em covas rasas próximas ao fim do cemitério, e geralmente sem caixão.

De acordo com Arcini, o fenômeno tem várias explicações possíveis. Algumas pessoas tinham os pés e mãos amarrados, o que sugere que eram criminosos ou prisioneiros de guerra. Outros enterros sugerem que a prática era ligada ao status social, como era o caso de 80 corpos encontrados em um cemitério mexicano que datam de 1150 até 850 anos antes de Cristo. Dos corpos encontrados lá, seis estavam sentados em suas covas, enquanto 74 estavam enterrados horizontalmente, de bruços. “Pode significar que as pessoas sentadas eram sacerdotes, e os outros tinham uma posição social menor”, afirma Arcini.

Conflito religioso

A arqueologista afirma que conflitos culturais e religiosos são outros fatores em potencial para causar os enterros. A maior frequência dos enterros na Suécia, por exemplo, data da época dos Vikings, quando o cristianismo chegou na região.
Os Vikings pagãos podem não ter aceitado aqueles que se converteram ao cristianismo e enterraram seus corpos de bruços para mostrar a sua aversão à mudança, de acordo com Arcini. Ela também lembra que freiras que saíam da linha e mulheres condenadas como bruxas eram também enterradas de bruços. [National Geographic]

Sair da versão mobile