Você já deve ter visto imagens dos corpos petrificados por conta da grande erupção do Monte Vesúvio, em 79 dC. A antiga cidade de Pompeia, coberta por cinzas, ficou preservada no tempo, como uma moldura para os retratos de cerca de 1.500 pessoas mortas pelo vulcão italiano.
Entre os exemplos mais famosos, geralmente vemos fotografias de famílias ou pessoas se abraçando, congeladas em momentos de compaixão antes da morte.
No entanto, recentemente, uma imagem de um homem conservado em uma posição um tanto ingrata, publicada no Instagram do Parque Arqueológico de Pompeia, tornou-se viral rapidamente por motivos óbvios:
É isso mesmo que estamos pensando?
Qualquer um que analise a foto vai pensar na possibilidade deste homem ter sido petrificado em um último ato de “amor próprio”.
A imagem gerou diversas piadas, comentários do tipo “morreu fazendo o que mais gostava”, “morreu agarrado a seus entes queridos” ou “segurou-se até o fim”.
De fato, o homem está deitado de costas e parece segurar a região da virilha de seu corpo. Sim, ele poderia estar se masturbando, ou poderia também estar simplesmente protegendo uma parte delicada do corpo durante um momento de pânico.
Mas a explicação mais provável é que ele na verdade não estava nessa posição quando faleceu.
Entenda
Muitas vítimas de Pompeia morreram imediatamente, por conta da explosão de gás quente. Um estudo em 2001 analisou 80 esqueletos tirados das cinzas e encontrou sinais de que as vítimas mais próximas da erupção teriam sido mortas antes de sentir qualquer dor.
Em alguns corpos, não havia sinais de autoproteção voluntária ou contorções de agonia, indicando que seus órgãos vitais devem ter parado em um curto período de tempo que não permitiu uma reação consciente. Segundo explicou o Dr. Alberto Incoronato, da Universidade de Nápoles Federico II, ao portal The Telegraph, a nuvem que atingiu Pompeia, uma mistura de gás quente e cinzas, causou poucos danos à própria cidade, mas matou muitas pessoas instantaneamente.
Outras vítimas foram mortas pela queda de detritos em edifícios colapsados, ou possivelmente sufocadas pela cinza. No entanto, a falta de detritos encontrados em torno deste homem e o fato de que ele não está cobrindo o rosto parecem sugerir que ele não teve tempo de perceber que ia morrer. Logo, não é impossível que estivesse “ocupado” no momento em que foi petrificado.
Mas essa ideia, para alguns pesquisadores, é absurda. Em entrevista ao DailyDot, o vulcanólogo italiano Pier Paolo Petrone, que estuda a erupção de Pompeia há 25 anos, afirmou que os corpos de Pompeia aparecem em posições peculiares costumeiramente, e isso não quer dizer nada.
Ele argumenta que essa pose não é aquela na qual o homem morreu, mas como seu corpo reagiu à exposição à temperatura extrema do vulcão. Após sua morte quase instantânea, seus músculos se contraíram involuntariamente por efeito do calor. “A maioria das vítimas humanas encontradas em Pompeia mostra essa posição ‘estranha’ de braços e pernas”, informou. [IFLS, UOL]