Uma ótima estratégia de sobrevivência na natureza é a camuflagem. Ela é ótima para se esconder de predadores e atacar presas que nem desconfiam da sua presença.
Uma espécie de aranha do gênero Poltys acaba de ser oficialmente identificada. Isso só foi acontecer em 2016 porque ela tem um disfarce impecável de folha seca. A descoberta foi publicada em um estudo, mas o aracnídeo ainda não tem nome científico, e a sua descrição detalhada ainda não foi feita. A descoberta aconteceu em 2011, mas foram necessários cinco anos de pesquisa para confirmar que era uma espécie nova.
O gênero Poltys contém mais de 3 mil espécies, sendo que uma delas é famosa na literatura e cinema infantis: a Araneus cavaticus, a aranha Charlotte, amiguinha do porco que mora no curral na clássica história A teia de Charlotte.
O que surpreende sobre a espécie que se finge de folha seca é que essa camuflagem é muito mais comum em insetos, e não em aracnídeos. A ordem Phasmatodea, por exemplo, tem centenas de espécies de bicho-pau, que parecem galhinhos de árvores.
Cerca de 100 espécies de aranha têm características que as fazem parecer com um animal inanimado ou com algo com gosto ruim, como raminhos de árvores, detritos de árvores e até cocô de passarinho. Essa é a primeira espécie de aranha, porém, que tem forma de folha.
Descoberta acidental
A descoberta dessa espécie aconteceu sem querer, de acordo com o autor do trabalho, Matjaz Kuntner, do Centro de Pesquisa Científica da Academia Eslovena de Artes e Ciências.
Os pesquisadores fotografaram o aracnídeo em 2011, enquanto procuravam por outros tipos de aranha na China. Eles encontraram o indivíduo – uma fêmea – em um galho, cercada de folhas mortas e sem nenhum sinal de teia nas redondezas.
Eles então notaram que as costas do animal pareciam uma folha verde, enquanto a parte de baixo parecia uma folha morta, com uma protuberância em seu abdômen semelhante a um pecíolo de uma folha.
As folhas ao redor da aranha estavam presas com seda, o que indica que ela as colocou ali deliberadamente, para melhorar sua camuflagem. No entanto, uma melhor observação é necessária para confirmar este comportamento, diz Kuntner.
Depois de estudá-la por duas semanas, o pesquisador e sua equipe só conseguiram encontrar mais uma aranha da espécie, um macho jovem.
A equipe voltou sua atenção para museus de vida natural ao redor do mundo, para saber se aquela espécie já havia sido registrada. “Depois de notar sua raridade na natureza, conversamos com curadores e estabelecemos sua radidade geral”, explica o pesquisador.
Um espécime semelhante acabou aparecendo entre a coleção de um museu, uma fêmea encontrada no Vietnã. Mas os pesquisadores suspeitam que este exemplar do Viatnã pertença a uma espécie diferente das duas aranhas encontradas na China.
Os pesquisadores concluíram o trabalho publicado dizendo que os hábitos discretos da aranha e seu estilo de vida noturno contribuíram para que ela fosse evitada tanto pelos predadores quanto pelos cientistas. [LiveScience]