Uma nova pesquisa da Universidade Monash (Austrália), Universidade da Tasmânia (Austrália) e Universidade McGill (Canadá) revelou segredos fascinantes das estrelas de nêutron, graças ao estudo de um espécime que “bugou”.
Depois que uma estrela chamada Vela mudou seu comportamento de repente e começou a girar muito mais rápido sem causa aparente, lá em 2016, os pesquisadores começaram a examinar o caso e descobriram que estrelas de nêutron são formadas de três camadas diferentes – um achado inédito.
Estrelas de nêutrons
Estrelas de nêutrons são os objetos mais densos do universo. Também giram muito rápido e muito regularmente. Geralmente. Às vezes, alguns destes objetos aceleram de uma hora para outra.
Cerca de 5% das estrelas de nêutrons “bugam” dessa forma. Vela é uma interessante candidata para estudarmos o fenômeno porque passa por ele aproximadamente uma vez a cada três anos. Ela é um pulsar que fica a 1.000 anos-luz de distância de nós.
As observações da estrela foram feitas no Observatório Mount Pleasant da Tasmânia.
A hipótese
Os pesquisadores australianos e canadenses reavaliaram os dados de 2016, interessantes principalmente porque puderam espiar o interior da estrela pela primeira vez, notando que era feito de três diferentes componentes.
Assim, eles propuseram que a aceleração ocorre devido a diferenças nestas camadas da estrela.
“Um desses componentes, uma sopa de nêutrons superfluidos na camada interna da crosta, se move para fora primeiro e atinge a rígida crosta externa da estrela fazendo com que ela gire. Então, uma segunda sopa de superfluido que se move no núcleo alcança a primeira, fazendo com que o giro da estrela diminua”, explicou o astrônomo Paul Lasky, da Universidade Monash, em um comunicado à imprensa.
Próximos passos
Os cientistas avançaram seus conhecimentos sobre estrelas de nêutrons, sem dúvida, mas restam ainda alguns mistérios sobre a “falha” que as faz “bugar”.
“Imediatamente antes da falha, notamos que a estrela parece diminuir sua taxa de rotação antes de girar de volta. Na verdade, não temos ideia do motivo, e é a primeira vez que algo assim é visto. Isso pode estar relacionado à causa da falha, mas honestamente não temos certeza”, disse o principal autor do estudo, Dr. Greg Ashton, também da Universidade Monash.
A equipe espera que sua pesquisa inspire novas teorias sobre estrelas de nêutrons e seus “bugs”.
Um artigo sobre o estudo foi publicado na prestigiada revista científica Nature Astronomy. [Futurism, Phys]