Um novo tratamento, chamado treinamento respiratório de capnometria assistida (TRCA), se tornou mais eficaz em controlar um ataque de pânico.
A nova técnica altera a respiração, se concentrando em diminuí-la para aliviar a sensação de sufocamento que acompanha o ataque. Ela tem se provado mais eficiente em aliviar os sintomas de distúrbios do pânico de curto prazo e a hiperventilação do que a terapia psicológica tradicional. Também pode tornar as pessoas menos propensas a ataques de pânico.
Os transtornos do pânico são caracterizados por episódios recorrentes de terror súbito junto com sintomas físicos como palpitações cardíacas, mãos suadas e hiperventilação. O TRCA foi eficaz porque conseguiu mudar os sintomas psicológicos e de estado fisiológico anormal dos pacientes.
41 pessoas com transtorno de pânico e agorafobia, uma condição na qual as pessoas temem ter um ataque de pânico em um lugar onde não podem obter ajuda, participaram de experimentos. Os pacientes foram aleatoriamente designados para quatro semanas (com sessões duas vezes por dia) de TRCA ou treinamento cognitivo.
Os pacientes do treinamento cognitivo passaram 17 minutos duas vezes por dia analisando os pensamentos catastróficos associados com seus ataques de pânico. Os pacientes TRCA passaram a mesma quantidade de tempo aprendendo a alterar a sua respiração usando um capnomêtro, um aparelho que mede os níveis de dióxido de carbono e de oxigênio, e a frequência cardíaca e respiratória.
Capnômetros portáteis são normalmente utilizados por paramédicos durante emergências, mas, neste caso, os pesquisadores usaram para dar aos pacientes informações sobre a sua respiração. Os pacientes do treinamento cognitivo também tiveram suas medidas fisiológicas tomadas com o capnômetro, mas não viram ou discutiram os resultados.
Em ambos os grupos, os sintomas de pânico geral (como palpitações e tremores) e pensamentos de pânico caíram, e os participantes se sentiram mais no controle. Mas apenas as sessões de TRCA reverteram a hiperventilação e os sintomas físicos que acompanham o pânico, como tonturas, falta de ar e sensação de sufocamento.
Segundo os pesquisadores, o tratamento funciona através da normalização dos níveis basais de dióxido de carbono no sangue, tornando as pessoas menos propensas a hiperventilação e dando-lhes as ferramentas necessárias para reverter um ataque.
Quando as pessoas estão em pânico, geralmente os demais pedem para que elas se acalmem e “respirem fundo”. Mas isso pode não ser uma boa ideia, pelo menos não para quem está hiperventilando.
A hiperventilação acontece quando as pessoas respiram de forma rápida e profunda, e expelem uma quantidade anormalmente elevada de dióxido de carbono, o que provoca sintomas como tontura e dormência. Esses sintomas tendem a fazer com que as pessoas sintam que estão sufocando, de modo que elas respiram mais rápido e mais profundamente, agravando o problema.
Ou seja, nesse caso, respirar fundo não é uma instrução útil. Respirar mais devagar também não adianta, se o paciente ainda estiver respirando profundamente. A nova terapia usa a resposta biológica para ensinar o paciente a respirar menos profundamente e aliviar os sintomas de pânico.
Os pesquisadores acreditam que seja desafiador para os pacientes aprender a não respirar fundo, porque eles sentem uma falta de fôlego. Por isso que eles precisam do feedback de dióxido de carbono e, idealmente, também de oxigênio; apenas para confirmar-lhes de que os sintomas não são por asfixia. [LiveScience]